Patrícia Iglecias defende protagonismo do Brasil na indústria sustentável e circular
Ex-secretária do Meio Ambiente de São Paulo destaca que a nova indústria será circular, descarbonizada ou não será
247 – Durante a celebração do Dia da Indústria no BNDES, realizada com apoio do Brasil 247, da TV 247 e da Agenda do Poder, a professora Patrícia Iglecias, diretora de Meio Ambiente da Universidade de São Paulo (USP) e ex-secretária do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, destacou o papel central da descarbonização para o futuro da indústria brasileira.
A fala foi marcada por uma defesa firme de uma nova política industrial com base na sustentabilidade, na inovação e na cooperação entre os setores público, privado e acadêmico.
Descarbonização como motor de inovação
Patrícia iniciou sua fala agradecendo ao presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e ao jornalista Leonardo Attuch, pela organização do evento e pela constante articulação em torno de pautas estratégicas. Ela apontou que a descarbonização já não pode ser vista apenas como uma obrigação ambiental, mas como uma necessidade de mercado e uma grande oportunidade para o país.
“A descarbonização é uma vantagem competitiva, uma exigência de mercado e um motor de inovação para o nosso país”, afirmou.
Segundo a pesquisadora, a indústria é responsável por cerca de 20% das emissões globais de gases de efeito estufa e, no Brasil, por aproximadamente 16% das emissões diretas. “Os dados mostram que a inação pode representar perdas de até 4% do PIB mundial até 2050”, alertou, citando estudos da McKinsey.
Agenda estratégica para 2025
A professora elencou os riscos enfrentados pela indústria diante das mudanças climáticas e das novas exigências regulatórias internacionais, como o desabastecimento, a insegurança alimentar e a perda de investimentos. Por outro lado, destacou os benefícios da transição verde: “A Agência Internacional de Energia estima que a descarbonização pode gerar mais de 35 milhões de empregos globais até 2030”.
Patrícia ressaltou ainda os setores que enfrentam maiores desafios, como o de cimento, metalurgia e química, e apontou soluções como tecnologias de captura de carbono, novos combustíveis e economia circular. Como exemplo prático, citou o avanço na eliminação da queima na colheita da cana-de-açúcar em São Paulo, que evitou emissões equivalentes a “160 mil ônibus circulando durante um ano”.
Conexão entre indústria, ciência e inovação
A professora apresentou iniciativas desenvolvidas pela USP, como o centro de pesquisa USP Pro Clima, criado em parceria com a empresa Ambipar. “A USP é hoje a quinta universidade mais sustentável do mundo e a única brasileira entre as 100 mais sustentáveis, segundo ranking internacional”, destacou.
Ela também participa como co-chair do grupo de economia circular criado pela CNI para preparar propostas para a COP 30, reforçando a presença da ciência na formulação de políticas industriais sustentáveis. Segundo ela:
“Hoje a academia não pesquisa mais em teoria. A academia busca soluções concretas para o setor público e para o setor privado”.
Patrícia frisou a importância de sistemas de rastreabilidade, compensações ambientais com integridade e inventários de emissões ancorados em tecnologias como blockchain. “Não podemos mais falar só em escopo 1, mas olhar toda a cadeia”, completou.
Um novo modelo industrial
Ao concluir sua intervenção, Patrícia Iglecias afirmou que o Brasil tem a oportunidade de assumir uma liderança global na economia de baixo carbono, aproveitando sua matriz energética limpa e seu potencial em bioeconomia. E deixou uma mensagem clara:
“A nova indústria será circular, será descarbonizada ou não será”.
Sua fala foi aplaudida por representantes do governo, da indústria e da academia, reforçando o tom de otimismo e responsabilidade ambiental que marcou o evento no BNDES. Assista:
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