Brasil pode liderar descarbonização global, diz Rafael Lucchesi
Presidente da Tupy defende rota tecnológica brasileira com uso de biometano e biomassa e critica dependência da agenda europeia de eletrificação
247 – Durante a celebração do Dia da Indústria no BNDES, realizada com apoio do Brasil 247, da TV 247 e da Agenda do Poder, o presidente da Tupy, Rafael Lucchesi, defendeu com ênfase a adoção de rotas tecnológicas brasileiras para a descarbonização da indústria, com forte protagonismo dos biocombustíveis.
Logo no início, Lucchesi fez questão de agradecer o convite e ressaltou a importância do BNDES na condução da agenda da Nova Indústria Brasil, além de saudar os representantes do governo presentes no evento. Ele apresentou a trajetória da Tupy, destacando que a empresa fundada em 1938 no contexto da substituição de importações hoje é a maior fundição do mundo. “A Tupy cria uma escola técnica que irradia conhecimento e impulsiona uma base industrial em torno de ville”, disse.
A descarbonização viável
A principal proposta de Lucchesi é a construção de uma agenda brasileira de descarbonização baseada em rotas viáveis, com foco no biometano, etanol e biomassa. “É isso que nós na Tupy chamamos de descarbonização viável”, afirmou. Segundo ele, o Brasil deve evitar uma adesão cega à agenda de eletrificação plena promovida por países europeus. “Essa é uma agenda de interesse europeu, com interesses europeus por trás. Nós podemos pensar numa lógica de eletromobilidade híbrida”, afirmou.
Para Lucchesi, uma das principais vantagens comparativas do Brasil está na disponibilidade de água e biomassa, o que reforça a vocação do país como potência da segurança alimentar e energética. “O Brasil é abençoado por ter 13% da disponibilidade de água doce do planeta”, lembrou, ao comparar com a escassez em países como China, Estados Unidos e Europa.
Biocombustíveis como diferencial competitivo
O executivo destacou que os biocombustíveis representam um trunfo estratégico para o país. “Temos um enorme potencial para avançar nessa direção. Se convertermos toda a biomassa brasileira em diesel, teríamos mais do que todo o diesel que consumimos”, enfatizou. Ele também pontuou que o Brasil já possui 22% da produção mundial de biocombustíveis, o que permite pensar em uma liderança tecnológica regional, inclusive para América Latina, África e Ásia.
Lucchesi revelou ainda que a Tupy, por meio da MWM, mantém o maior centro de competência tecnológica para motores da América Latina, localizado em São Paulo. “Estamos desenvolvendo motores a etanol, biometano e biogás com toda a complexidade tecnológica necessária para competir globalmente”, garantiu.
A fala de Rafael Lucchesi propõe uma industrialização verde sob medida para o Brasil, com foco na autonomia tecnológica e na valorização dos recursos naturais nacionais. Ao final, ele concluiu com um apelo: “O Brasil pode ser sim uma grande alternativa de desenvolvimento tecnológico para biocombustíveis e assegurar uma infraestrutura plenamente nacional com ampla competitividade”.
A intervenção de Lucchesi reforça o debate sobre os caminhos possíveis para uma transição energética inclusiva, menos dependente de soluções exógenas e mais alinhada às potencialidades brasileiras. Assista:
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