Xi Jinping defende governança global na questão climática e critica unilateralismo dos EUA
Presidente da China discursou na "Reunião de Líderes sobre o Clima e a Transição Justa", iniciativa liderada pelo Brasil
247 - O presidente da China, Xi Jinping, participou por videoconferência nesta quarta-feira (23) da "Reunião de Líderes sobre o Clima e a Transição Justa", iniciativa liderada pelo Brasil. Em seu discurso, Xi enfatizou a importância de preservar a ordem jurídica internacional voltada à governança climática. As informações são da Xinhua.
Destacando que este ano marca o 10º aniversário do Acordo de Paris e os 80 anos da fundação da Organização das Nações Unidas (ONU), Xi afirmou que, diante das "mudanças globais sem precedentes que avançam em ritmo acelerado, a humanidade se encontra em uma nova encruzilhada", de acordo com a agência.
As declarações surgem após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter assinado, em janeiro, uma ordem executiva para anunciar a intenção do país de se retirar do Acordo de Paris. Em 2021, o ex-presidente dos EUA Joe Biden, que sucedeu Trump, assinou uma ordem executiva em 20 de janeiro de 2021 — seu primeiro dia no cargo — para reintegrar os EUA ao acordo.
O Acordo Climático de Paris foi adotado em 2015 por 195 membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Seu objetivo é limitar o aumento da temperatura média global a bem menos de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, preferencialmente a 1,5 grau Celsius.
Diante das tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos à China, que atingiram 145%, Xi afirmou que a busca de grandes potências "por unilateralismo e protecionismo" impactou "seriamente as regras e a ordem internacional".
"A história, como sempre, continuará seu curso — ainda que entre altos e baixos", frisou o líder chinês.
"Enquanto fortalecermos a confiança, a solidariedade e a cooperação, superaremos os ventos contrários e avançaremos com firmeza na governança climática global e em todos os empreendimentos progressistas do mundo", declarou Xi.
Xi também compartilhou quatro pontos principais sobre o tema:
- Primeiro: é preciso defender o multilateralismo.
Xi destacou que todos os países devem preservar firmemente o sistema internacional centrado na ONU e a ordem internacional baseada no direito internacional, além de garantir a equidade e a justiça global.
"É essencial que todos promovam o Estado de Direito, cumpram seus compromissos, priorizem o desenvolvimento verde e de baixo carbono e enfrentem juntos a crise climática por meio da governança multilateral", afirmou.
- Segundo: aprofundar a cooperação internacional.
Xi pediu que se supere o isolamento e os conflitos com abertura e inclusão, reforçando a inovação tecnológica e a transformação industrial por meio da cooperação. Ele defendeu a livre circulação de tecnologias e produtos verdes de qualidade, de forma que sejam íveis, economicamente viáveis e benéficos a todos os países — especialmente aos em desenvolvimento.
A China, segundo ele, "aprofundará vigorosamente a cooperação Sul-Sul e continuará a oferecer apoio aos países em desenvolvimento na medida do possível."
- Terceiro: acelerar a transição justa.
Para Xi, a transformação verde deve ser centrada nas pessoas e promovida de modo a garantir o bem-estar coletivo, conciliando os objetivos de proteção ambiental, crescimento econômico, geração de empregos e redução da pobreza.
"Os países desenvolvidos têm a obrigação de apoiar os países em desenvolvimento, ajudando a impulsionar a transição global para um modelo de desenvolvimento verde e de baixo carbono, contribuindo para o bem-estar comum e duradouro de todos os povos", declarou.
- Quarto: fortalecer ações orientadas por resultados.
Xi defendeu que todas as partes devem fazer o máximo para formular e implementar seus planos de contribuições nacionalmente determinadas (NDCs), conciliando o desenvolvimento econômico com a transição energética.
Ele anunciou que a China apresentará suas metas para 2035 — cobrindo todos os setores econômicos e todos os gases de efeito estufa — antes da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, que será realizada em Belém, no Brasil.
Xi destacou ainda que a "harmonia entre o ser humano e a natureza é uma característica definidora da modernização chinesa", e que o país "atua com firmeza" como agente e contribuinte-chave para o desenvolvimento verde global, de acordo com a Xinhua.
"Desde que anunciei as metas da China para o pico de carbono e a neutralidade de carbono há cinco anos, construímos o maior e mais dinâmico sistema de energia renovável do mundo, além da maior e mais completa cadeia industrial de novas energias", afirmou.
Xi acrescentou que a China lidera o mundo em ritmo e escala de reflorestamento, contribuindo com um quarto da área global adicionada de florestas.
"Independentemente de como o mundo mude, a China não reduzirá suas ações climáticas, não diminuirá seu apoio à cooperação internacional e não cessará seus esforços para construir uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade", afirmou Xi.
Por fim, Xi declarou que a China está disposta a trabalhar com todos os países para "respeitar seriamente o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas", fazendo tudo o que estiver ao alcance — individual e coletivamente — "para construir um mundo limpo, bonito e sustentável para todos".
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