Vendas da Tesla despencam na Alemanha em meio a protestos contra Elon Musk

247 - As vendas da Tesla na Alemanha sofreram uma queda drástica pelo segundo mês consecutivo. Depois de uma retração de 59% em janeiro, a montadora registrou um tombo de 76% em fevereiro em relação ao mesmo período do ano anterior. O dado alarmante, reportado pelo jornalista José Henrique Mariante na Folha de S.Paulo, coincide com a intensa campanha eleitoral alemã, na qual Elon Musk, dono da Tesla, se envolveu em polêmicas ao apoiar a extrema direita.

Musk, que acumula mais de 200 milhões de seguidores na plataforma X, adotou uma postura agressiva, atacando líderes alemães e engajando-se em polêmicas nas redes sociais. Seu apoio à AfD (Alternativa para a Alemanha), partido de extrema direita considerado extremista pelo serviço de segurança alemão, gerou forte rejeição pública. O reflexo no mercado foi imediato: clientes abandonaram a marca e protestos contra Musk se intensificaram.

Na Alemanha, adesivos ironizando o empresário surgiram em carros da Tesla, com frases como "Comprei isto antes de Elon ficar louco". Manifestações também ocorreram em frente à Gigafactory da empresa nos arredores de Berlim, onde projeções em larga escala criticaram a radicalização de Musk. Pequenos atos de sabotagem em obras viárias próximas à unidade industrial foram registrados, agravando o clima de hostilidade.

A crise da Tesla não se limita à Alemanha. Em outros países europeus, a empresa enfrenta desafios semelhantes. Na França, onde a montadora liderava o mercado de veículos elétricos, as vendas despencaram 63% em janeiro e 26% em fevereiro. No fim de semana, um grupo anarquista incendiou uma concessionária da Tesla, destruindo ao menos 12 veículos. Na Dinamarca e na Suécia, as vendas recuaram 48% e 42%, respectivamente.

A Noruega, mercado mais eletrificado da Europa, também mostrou sinais de rejeição à marca. Com 96% dos veículos novos sendo elétricos e um setor em crescimento acelerado, o país comprou 44% menos Teslas no primeiro bimestre do ano, enquanto o mercado geral de elétricos cresceu 53%.

Enquanto a Tesla enfrenta dificuldades, a Volkswagen assume a liderança no mercado europeu de elétricos. Na Noruega, a marca alemã viu um crescimento de 224%, com mais de 3.222 unidades vendidas. Na Alemanha, a Volkswagen domina o ranking dos veículos elétricos mais vendidos, com cinco modelos no top 10 e o ID.7 na liderança.

Internamente, Musk enfrenta pressão de acionistas. Segundo o New York Times, um grupo de investidores planeja propor que os salários do bilionário sejam atrelados a metas ambientais e de governança corporativa. Musk, no entanto, insiste que o futuro da empresa depende do avanço dos táxis autônomos, que ele promete lançar ainda este ano.

O panorama dos veículos elétricos na Europa também está sendo impactado por decisões regulatórias. A União Europeia adiou a aplicação de metas ambientais mais rigorosas e estuda reduzir a tarifa de 20,7% aplicada a carros fabricados na China, incluindo modelos de montadoras europeias. Além disso, a disputa tarifária entre a UE e o governo dos Estados Unidos adiciona incertezas ao setor.

A crise da Tesla na Europa evidencia o impacto que a imagem de um líder pode ter sobre uma marca global. Em um mercado onde a confiabilidade e a inovação são essenciais, os discursos polêmicos de Musk estão custando caro à montadora.