Taiwan pretende ampliar a divisão com a China, buscar apoio dos EUA e empurrar a ilha para um beco sem saída, diz Global Times
O líder de Taiwan, Lai Ching-te, completa um ano no poder sob críticas crescentes e riscos de instabilidade
247 - No exato dia em que Lai Ching-te completa um ano à frente do governo regional de Taiwan, uma severa avaliação de sua gestão foi publicada pelo jornal Global Times. Segundo o editorial publicado nesta segunda-feira (20), o líder taiwanês se transformou em um "destruidor pragmático de Taiwan", aprofundando divisões internas, fragilizando os laços com a China continental e colocando a ilha em rota de colisão com Pequim ao insistir na agenda separatista.
Lai, que em outras ocasiões se apresentou como um "trabalhador pragmático pela independência de Taiwan", tem sido criticado pelo Global Times de fomentar um ambiente de conflito, tanto interno quanto externo. “Suas ações deram ao mundo uma visão mais clara da verdade cruel por trás da ‘independência de Taiwan’”, sustenta o editorial, que afirma que o projeto separatista depende de potências estrangeiras e não oferece saída realista para a ilha.
Ao longo do último ano, o governo de Lai promoveu medidas controversas que, de acordo com o jornal, intensificaram a tensão com Pequim. Entre elas, a consolidação da chamada teoria dos “dois Estados”, a caracterização da China continental como uma “força hostil” e a tentativa de “dessinicização” da política e da cultura local. Tais medidas, segundo o texto, teriam prejudicado as trocas culturais, educacionais e econômicas através do Estreito de Taiwan, além de aprofundar a divisão entre os povos dos dois lados.
Pesquisas de opinião citadas no editorial reforçam o tom crítico. Dados divulgados por institutos como o United Daily News e a TVBS mostram que mais da metade da população está insatisfeita com a istração de Lai, enquanto apenas 30% manifestam apoio. Além disso, 43% dos entrevistados acreditam que Taiwan se tornou mais perigosa desde a posse de Lai e 52% veem uma sociedade mais dividida. Um integrante do Kuomintang (KMT), principal partido de oposição, resumiu: “Além de sua base principal de apoiadores fervorosos, Lai enfrenta oposição e desafios de quase todas as direções”.
O editorial do Global Times afirma que o atual governo promove um "terror verde" — expressão usada para descrever o autoritarismo do Partido Democrático Progressista (PDP), que suprime a dissidência e enfraquece deliberadamente os partidos da oposição. A chamada "Campanha da Grande Revogação" é uma estratégia para minar os campos políticos “azul” (KMT) e “branco” (Força do Povo), criando uma atmosfera de instabilidade política permanente.
Na esfera econômica, o governo de Lai também é alvo de severas críticas. O texto aponta o agravamento de problemas como escassez de água e energia, e carência de terras, mão de obra e talentos, o que teria comprometido seriamente a capacidade de desenvolvimento da ilha. “Que posição um governo que nem consegue garantir eletricidade estável para sua população tem diante de si para falar sobre reforma ou confiança?” - questionou um morador entrevistado pelo United Daily News.
Outro foco de preocupação do editorial é a intensificação da cooperação militar com os Estados Unidos. O governo de Lai eleva substancialmente o orçamento de defesa, adquirindo armamentos norte-americanos e insistindo em discursos que alimentam a ideia de uma iminente invasão da ilha pela China. Na visão do jornal chinês, essas ações visam reforçar a retórica separatista sob o pretexto da segurança, mas, na prática, colocam Taiwan em maior risco.
Um dos pontos mais sensíveis destacados é o relacionamento com a gigante de semicondutores TSMC. O Global Times afirma que Lai cede à pressão dos EUA, tratando a empresa como moeda de troca para atender a interesses externos, o que fragiliza ainda mais a soberania da ilha.
O editorial também menciona que, pelo nono ano consecutivo, a proposta para participação de Taiwan como observador na Assembleia Mundial da Saúde foi rejeitada, apesar dos esforços diplomáticos coordenados com Washington e aliados. A publicação cita a revista americana Foreign Policy, segundo a qual “a independência de Lai está colocando Taiwan em risco de guerra”. Um veículo alemão, também citado, descreve as autoridades de Lai como “presas em dificuldades internas e externas”.
Segundo um relatório de um centro de estudos de Hong Kong, os riscos nas relações entre os dois lados do Estreito atingiram seu ponto mais alto desde o início da gestão de Lai, sendo a radicalização da política interna taiwanesa um dos principais fatores de instabilidade.
Na conclusão, o texto adverte que a insistência em buscar a independência com apoio estrangeiro é uma aposta condenada ao fracasso. "Aconselhamos Lai e as autoridades do PDP a priorizarem o bem-estar da população da ilha, a reconhecerem plenamente as realidades e tendências no Estreito de Taiwan, a cessarem quaisquer ações provocativas ou retóricas em busca da 'independência' e a pararem de trilhar o caminho errado", sentencia o editorial.
A publicação do Global Times também evidencia a crescente tensão geopolítica na região, num momento em que os EUA, sob o presidente Donald Trump, reforçam sua aliança com Taipei, ao mesmo tempo em que a China reafirma sua posição contra qualquer movimento separatista. A evolução desse cenário poderá ter impacto decisivo sobre o futuro da estabilidade no leste asiático.
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