Sob Trump, EUA resistem a chamar Rússia de 'agressora' e travam declaração do G7 sobre guerra na Ucrânia
Governo dos EUA aponta responsabilidade da Ucrânia pelo conflito. Recentemente, Trump chamou Zelensky de "ditador"
247 - Os Estados Unidos estão impedindo que uma declaração oficial do Grupo dos 7 (G7) classifique a Rússia como "agressora" na guerra contra a Ucrânia. O documento, que está sendo elaborado para marcar o terceiro ano da invasão russa, enfrenta imes devido à resistência de Washington, segundo informações divulgadas pelo Financial Times e repercutidas pelo jornal O Globo. A posição norte-americana se fortaleceu após o presidente Donald Trump afirmar que Kiev tem responsabilidade pelo conflito.
De acordo com fontes diplomáticas de alto escalão, o governo canadense, que atualmente preside o G7, foi responsável pelo primeiro rascunho da declaração. A proposta original mantinha a linguagem adotada pelo grupo desde 2022, quando condenou a invasão russa em termos enfáticos e expressou total apoio à Ucrânia. No entanto, após a revisão americana, as menções diretas à Rússia como "agressora" foram removidas, resultando em um tom mais neutro.
Fontes envolvidas nas negociações revelaram que os Estados Unidos também buscaram retirar agens que mencionavam a invasão como uma violação da soberania ucraniana. No texto atual, ainda em discussão, há referências a "uma guerra devastadora iniciada com a invasão da Ucrânia pela Rússia", mas sem os termos "agressão russa" ou "agressores". Autoridades alemãs e europeias confirmaram que esses termos foram suprimidos da versão mais recente.
A discordância entre os membros do G7 deve se prolongar até segunda-feira, data prevista para a publicação da declaração final. Ainda não está definido se o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, será convidado para participar da reunião virtual do grupo, como ocorreu no ano ado.
A postura dos EUA reflete uma mudança estratégica após recentes declarações de Trump, que criticou a postura da Ucrânia e prometeu encerrar rapidamente o conflito, possivelmente por meio de negociações diretas com Moscou, sem a participação de Kiev ou de nações europeias. Fontes diplomáticas indicam que a equipe do governo norte-americano deseja uma declaração mais curta e menos enfática que a emitida sob a gestão de Joe Biden.
As reuniões do G7 devem se intensificar nos próximos meses. Os ministros das Relações Exteriores do grupo se encontrarão em Quebec entre 12 e 14 de março, enquanto a cúpula dos líderes dos países membros ocorrerá em junho, na província canadense de Alberta. O histórico de atritos entre os Estados Unidos e seus aliados no G7 remonta ao primeiro mandato de Trump, quando, em 2018, ele abandonou abruptamente a reunião de cúpula em Quebec e retirou o apoio ao comunicado final, irritado com a linguagem utilizada sobre políticas comerciais.
Diante do ime atual, a declaração final do G7 sobre a guerra na Ucrânia permanece indefinida, com um debate acirrado sobre o tom a ser adotado. Enquanto os aliados europeus defendem uma condenação mais contundente à Rússia, os Estados Unidos parecem preferir uma abordagem mais moderada, possivelmente preparando terreno para futuras negociações com Moscou.
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