Rússia exigiu retirada das tropas ucranianas antes de cessar-fogo, diz fonte de Kiev
Conversas na sexta-feira duraram pouco menos de duas horas e resultaram em um acordo para a troca de mil prisioneiros de guerra de cada lado
Reuters - Negociadores russos nas negociações de paz em Istambul exigiram que a Ucrânia retirasse suas tropas de todas as regiões ucranianas reivindicadas por Moscou antes que aceitassem um cessar-fogo, disse à Reuters um alto funcionário ucraniano familiarizado com as conversas.
O Kremlin recusou-se a comentar os termos apresentados pela Rússia na reunião de sexta-feira na Turquia — o primeiro encontro presencial entre os lados em conflito desde março de 2022, semanas após a invasão em larga escala da Ucrânia por parte da Rússia.
As conversas duraram apenas uma hora e 40 minutos e resultaram em um acordo para a troca de mil prisioneiros de guerra de cada lado. Os dois países não especificaram quando isso ocorrerá.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu neste sábado sanções mais severas contra Moscou depois que um drone russo matou nove ageiros de ônibus na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia. “Foi um assassinato deliberado de civis”, declarou.
“É preciso pressionar a Rússia para que pare com os assassinatos. Sem sanções mais duras, sem mais pressão, a Rússia não buscará uma diplomacia real.”
A Rússia, que nega atacar civis, afirmou ter atingido um alvo militar em Sumy. O ministério da Defesa russo disse que suas tropas capturaram mais um assentamento no leste da Ucrânia.
Ucrânia e governos ocidentais, incluindo os Estados Unidos, exigem que a Rússia aceite um cessar-fogo imediato e incondicional por pelo menos 30 dias.
No entanto, a fonte ucraniana informou que os negociadores russos exigiram a retirada das tropas ucranianas das regiões de Donetsk, Zaporizhzhia, Kherson e Luhansk, com o cessar-fogo ocorrendo apenas após isso.
A fonte disse ainda que essas e outras exigências vão além dos termos de um rascunho de acordo de paz proposto pelos Estados Unidos no mês ado, após consultas com Moscou.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou-se a comentar o relato ucraniano, afirmando que as conversas deveriam ser conduzidas “absolutamente a portas fechadas”.
Ele afirmou que os próximos os seriam realizar a troca de prisioneiros e dar continuidade aos trabalhos entre os dois lados. Peskov disse que é possível que o presidente Vladimir Putin se encontre com Zelensky, mas somente se forem alcançados “certos acordos”, sem especificar quais.
Zelensky havia desafiado Putin no início da semana a encontrá-lo pessoalmente, proposta que o líder russo ignorou.
O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, afirmou que seu país, após sediar as negociações, está determinado a continuar atuando como mediador.
Pressão de Trump
Tanto a Ucrânia quanto a Rússia estão sob pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar o que ele chama de “essa guerra estúpida”. Ele ameaçou abandonar os esforços dos EUA para intermediar um acordo, a menos que ambas as partes demonstrem progresso claro.
Após a reunião de sexta-feira, a Ucrânia começou a mobilizar apoio de seus aliados para adotar uma postura mais rígida contra Moscou.
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, disse à Reuters: “Mais uma vez vemos evasivas do lado russo e falta de vontade em tratar com seriedade a paz duradoura que agora é necessária na Ucrânia”.
“Mais uma vez, a Rússia não está sendo séria”, afirmou ele durante uma visita ao Paquistão. “Em que ponto diremos a Putin que basta?”
O presidente da França, Emmanuel Macron, também declarou que as negociações em Istambul foram infrutíferas.
“Hoje, o que temos? Nada. E, por isso, lhes digo que, diante do cinismo do presidente Putin, estou certo de que o presidente Trump, atento à credibilidade dos Estados Unidos, reagirá.”
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a União Europeia está preparando um novo pacote de sanções contra Moscou, que, segundo a França, deveria ter como objetivo “sufocar” a economia russa.
No entanto, após mais de três anos de intensificação das sanções, não está claro até que ponto elas ainda podem ser eficazes.
Nos esforços para construir uma frente unificada e levar Putin a aceitar um cessar-fogo, a Ucrânia e os líderes europeus têm sido repetidamente desestabilizados pelas intervenções de Trump.
Após ter declarado publicamente que Zelensky deveria aceitar a oferta da Rússia para conversas diretas na Turquia, Trump afirmou, na véspera da reunião, que não haveria avanço rumo à paz até que ele próprio se encontrasse com Putin.
O Kremlin diz que Putin está disposto a se reunir com Trump, mas que tal cúpula precisa ser cuidadosamente preparada para produzir resultados. Informa ainda que não houve contato entre Rússia e Estados Unidos desde as conversas de sexta-feira.
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