Rússia enfrenta sozinha o Ocidente, diz Putin
Em documentário que celebra 25 anos no poder, presidente russo acusa o Ocidente de travar guerra existencial contra seu país e tentar dividi-lo em pedaços
247 – Em um novo documentário exibido no domingo (4) pela emissora estatal russa Rossiya-1, o presidente Vladimir Putin declarou que a Rússia está lutando sozinha contra o que chamou de “Ocidente coletivo”, que estaria promovendo uma guerra de natureza existencial contra seu país. A obra, intitulada "Rússia. Kremlin. Putin. 25 anos", marca o 25º aniversário da primeira posse de Putin, ocorrida em 7 de maio de 2000. A reportagem é baseada nas informações da emissora russa e nas conversas entre Putin e o jornalista Pavel Zarubin, apresentadas ao longo do filme.
Putin afirmou que o Ocidente vem, há décadas, tentando desmembrar a Rússia, especialmente após a dissolução da União Soviética. “Este ‘mundo civilizado’ decidiu que a Rússia havia enfraquecido, que a Rússia histórica, chamada União Soviética, havia colapsado, e que as partes restantes precisavam ser destruídas. A maior delas era a Federação Russa, que também precisava ser dividida em quatro ou cinco pedaços. Eu era responsável pelo futuro do país. É claro que comecei a trabalhar para garantir que isso nunca acontecesse”, declarou o presidente.
O líder russo afirmou ainda que a política do Ocidente em relação à Rússia sempre foi marcada por hipocrisia. “Desde o início dos anos 2000 ficou claro que o Ocidente agia de forma insidiosa com a Rússia, dizia uma coisa e fazia outra”, comentou. Segundo ele, as advertências feitas por Moscou ao longo dos anos foram ignoradas, assim como o apelo por reconhecimento da soberania e dos interesses nacionais russos.
Putin voltou a enquadrar o conflito na Ucrânia como uma “proxy war” (guerra por procuração), sustentando que os ucranianos estão sendo usados como “carne de canhão” pelos Estados Unidos e por outras potências ocidentais. Para ele, o verdadeiro confronto não é entre Kiev e Moscou, mas entre a Rússia e o bloco liderado por Washington. “A Rússia está essencialmente enfrentando sozinha o Ocidente coletivo. Isso exigiu uma postura séria diante da possível evolução da situação nesse sentido”, disse.
O presidente russo destacou que a escalada da crise se deve, em grande parte, à recusa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e dos Estados Unidos em considerar as preocupações de segurança da Rússia, sobretudo em relação à expansão da aliança militar para o leste europeu e à crescente cooperação militar com a Ucrânia.
Putin também mencionou que figuras ocidentais têm itido o caráter de confronto direto do conflito. Ele citou, por exemplo, uma declaração do Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, feita em março, em que o político caracterizou a guerra como “francamente, uma guerra por procuração entre potências nucleares — os Estados Unidos, apoiando a Ucrânia, e a Rússia”. Rubio, que ocupa o cargo desde o início do segundo mandato do presidente Donald Trump em janeiro de 2025, sugeriu que o Ocidente deveria abandonar a estratégia de “apoiar Kiev pelo tempo que for necessário”.
Com esse posicionamento, Putin reforça a narrativa de que a Rússia está isolada, mas determinada a resistir ao que define como uma tentativa ocidental de enfraquecê-la ou até mesmo desintegrá-la. O documentário, ao rememorar os 25 anos de sua chegada ao Kremlin, serve não apenas como uma celebração pessoal, mas também como reafirmação da linha ideológica e estratégica de seu governo frente à nova ordem global.
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