Reforço militar aumenta tensão entre Índia e Paquistão em cenário de alto risco
Aquisições de caças de última geração e sistemas de mísseis reacendem temores de escalada entre potências nucleares, após ataque na Caxemira
247 - Desde o último confronto direto em 2019, Índia e Paquistão, duas potências nucleares vizinhas com histórico de hostilidades, reforçaram significativamente seus arsenais militares. A escalada recente de tensões após um ataque mortal na Caxemira indiana, atribuído por Nova Déli a grupos apoiados por Islamabad, reacende temores de um novo conflito, agora potencialmente mais devastador.
Segundo reportagem publicada pela Reuters, ambos os países adquiriram armamentos mais avançados, incluindo aviões de combate de última geração e sistemas de mísseis de longo alcance, o que aumenta os riscos de uma escalada mesmo em confrontos inicialmente limitados. "Os tomadores de decisão em ambos os países agora têm um apetite maior ao risco de início e escalada de conflitos do que antes de 2019", alertou Frank O'Donnell, especialista do Stimson Center, em Washington. "Mas sem um claro senso mútuo das ações precisas, isso poderia desencadear uma escalada inadvertida."
A tensão atual começou após um atentado contra turistas na Caxemira indiana, pelo qual a Índia responsabilizou o Paquistão. Em resposta, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, prometeu represálias "além da imaginação deles". Islamabad negou qualquer envolvimento e advertiu que reagirá a qualquer ofensiva militar.
Tecnologia de guerra em disputa
Desde 2019, a Índia incorporou 36 caças Rafale ses à sua frota — aeronaves de alto desempenho armadas com mísseis Meteor, capazes de atingir alvos além do alcance visual. O Paquistão, por sua vez, fortaleceu sua força aérea com pelo menos 20 caças J-10 chineses, armados com os mísseis PL-15. Ambos os lados modernizaram também suas defesas antiaéreas: a Índia com o sistema russo S-400; o Paquistão com o HQ-9, uma versão chinesa baseada no S-300 russo.
"A cada novo ciclo, ambos os lados acham que estão em melhor posição do que da última vez", explicou Muhammad Faisal, pesquisador da Universidade de Tecnologia de Sydney. "Só descobriremos quando virmos um combate real."
Cenário estratégico e dilemas táticos
Além da disputa bilateral, a tensão envolve outras potências. A China, maior fornecedora de equipamentos militares do Paquistão, acompanha os desdobramentos. Os Estados Unidos, aliados mais próximos de Nova Déli hoje do que em 2019, têm pressionado pela moderação, mas também monitoram de perto o desempenho das tecnologias de origem chinesa.
A Índia, por sua vez, encara um dilema estratégico: quantos esquadrões manter na fronteira com o Paquistão, considerando a necessidade de manter presença também frente à China. “Pode ser uma disputa entre a tecnologia ocidental e a chinesa”, observou Faisal.
Aposta nos drones e mísseis
As forças armadas de ambos os países têm investido em drones armados e mísseis de precisão. A Índia adquiriu drones Heron Mark 2, de fabricação israelense, e encomendou os drones Predator dos EUA. O Paquistão, por sua vez, opera o drone turco Bayraktar TB2, consagrado no conflito da Ucrânia, e o mais avançado Akinci.
Neste fim de semana, o Paquistão testou um míssil balístico com alcance de 450 km, num sinal claro de prontidão militar. Um comunicado oficial garantiu que o país “está preparado para salvaguardar sua segurança nacional contra qualquer agressão”. A Índia não comentou publicamente o teste, mas dispõe de sistemas como o míssil de cruzeiro BrahMos e a série de mísseis intercontinentais Agni, de longo alcance.
Escalada não é desejada, mas é possível
Apesar das ameaças e da retórica beligerante, há vozes cautelosas em ambos os lados. “Certamente, em alguns aspectos, estamos melhores (do que em 2019)”, afirmou Anil Golani, ex-vice-marechal do ar da Força Aérea Indiana. “Há muito clamor por ação no país, mas, na minha avaliação pessoal, tanto a Índia quanto o Paquistão não estão buscando um conflito total.”
O histórico, no entanto, é inquietante. O confronto de 2019 quase fugiu ao controle, com ameaças mútuas de ataques com mísseis e intervenção diplomática dos EUA. A disputa envolveu a derrubada de um caça indiano, retaliações aéreas e protestos formais.
Para Kaiser Tufail, ex-piloto da força aérea paquistanesa, a Índia tentará desta vez uma operação mais decisiva. “A Índia não conseguiu estabelecer dissuasão em 2019. Agora, tentará um ataque mais incisivo, o que traz riscos maiores”, avaliou. Segundo ele, "se formos além do que vimos em 2019, é muito arriscado. Países com armas nucleares se enfrentando é extremamente perigoso."
A realidade é que, com arsenais cada vez mais sofisticados e tensões políticas em alta, qualquer novo confronto entre Índia e Paquistão poderá escalar de forma imprevisível — em uma das regiões mais instáveis do planeta.
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