Paquistão alerta sobre risco iminente de ataque militar da Índia após atentado na Caxemira
Ministro da Defesa paquistanês afirma que decisões estratégicas já foram tomadas e reforça alerta internacional sobre possível escalada nuclear
247 - O ministro da Defesa do Paquistão afirmou nesta segunda-feira (28) que uma incursão militar da Índia, país vizinho, seria iminente após um ataque mortal realizado por militantes contra turistas na Caxemira na última semana. A declaração ocorre enquanto crescem as tensões entre as duas nações, ambas detentoras de armas nucleares.
O ataque resultou em 26 mortos, gerando indignação na Índia, país de maioria hindu, e provocando apelos por uma ação contra o Paquistão, que tem maioria muçulmana. As autoridades indianas acusam o governo paquistanês de apoiar grupos militantes na região da Caxemira, reivindicada pelos dois países e motivo de duas guerras entre eles.
"Reforçamos nossas forças porque é algo iminente agora. Então, nessa situação, algumas decisões estratégicas precisam ser tomadas, e essas decisões já foram tomadas", declarou o ministro da Defesa, Khawaja Muhammad Asif, em entrevista concedida à Reuters em seu gabinete em Islamabad.
Asif ainda ressaltou que a retórica das autoridades indianas está se intensificando e que os militares paquistaneses já alertaram o governo sobre a possibilidade de um ataque. Entretanto, não forneceu detalhes adicionais sobre as razões que sustentariam a percepção dessa iminência.
Os Ministérios das Relações Exteriores e da Defesa da Índia não responderam imediatamente aos pedidos da Reuters por comentários.
Após o ataque ocorrido na Caxemira, a Índia afirmou que dois suspeitos militantes eram de origem paquistanesa. Islamabad negou qualquer envolvimento com o ocorrido e exigiu uma investigação imparcial. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, prometeu "perseguir e punir os agressores".
O Paquistão, segundo o ministro, encontra-se em estado de alerta máximo, mas só utilizaria armas nucleares caso houvesse uma "ameaça direta à nossa existência". Asif, que é um político veterano e membro influente do partido governista Liga Muçulmana do Paquistão-Nawaz, lembrou que sua legenda tem, historicamente, buscado negociações de paz com a Índia.
"ATO DE GUERRA"
O ministro também revelou que Islamabad entrou em contato com países aliados, incluindo nações do Golfo e a China, e que notificou o Reino Unido, os Estados Unidos e outros países sobre a situação atual. "Alguns dos nossos amigos no Golfo Pérsico conversaram com ambos os lados", afirmou Asif, sem mencionar quais seriam esses países.
Nesta segunda-feira, o governo chinês declarou que espera moderação das duas partes e que acolhe positivamente todas as iniciativas para reduzir as tensões. Asif mencionou ainda que, até o momento, os Estados Unidos têm "mantido distância" e não estão intervindo diretamente no conflito.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou na semana ada que Índia e Paquistão deveriam resolver suas questões diretamente entre si, mas posteriormente o Departamento de Estado americano afirmou que Washington estava mantendo contato com ambas as nações e pedindo esforços por uma "solução responsável".
Anteriormente, os Estados Unidos já auxiliaram na diminuição de tensões entre Índia e Paquistão, países independentes desde 1947, após a retirada da istração colonial britânica, que dividiu o subcontinente em dois Estados separados.
Nova Déli e Islamabad já implementaram diversas medidas recíprocas desde o ataque da última semana na Caxemira. Entre essas medidas está a suspensão do Tratado das Águas do Indo pela Índia, um importante acordo de compartilhamento dos recursos hídricos entre os dois países. Em resposta, o Paquistão fechou seu espaço aéreo para companhias aéreas indianas.
Para o ministro Asif, privar áreas vulneráveis de o à água constitui um "ato de guerra", lembrando que o tratado, que resistiu a conflitos anteriores, conta com garantias internacionais. "Já acionamos os órgãos competentes sobre esse tratado", destacou ele, solicitando que a comunidade internacional e o Banco Mundial atuem para proteger o acordo.
Nova Déli também acusa Islamabad de apoiar os militantes islâmicos responsáveis pelos ataques terroristas ocorridos em Mumbai, em 2008, que causaram a morte de mais de 166 pessoas, incluindo estrangeiros. O Paquistão rejeita categoricamente tais acusações.
(Reportagem adicional de Shivam Patel, em Nova Déli. Texto original elaborado por Gibran Peshimam. Edição de Andrew Heavens)
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