Produção industrial chinesa resiste ao ataque de Trump e cresce 6,1%
Estímulos do governo e alívio tarifário impulsionam a indústria e o comércio exterior, apesar da pressão sobre o consumo interno
247 – A produção industrial da China avançou 6,1% em abril de 2025, na comparação com o mesmo período do ano anterior, superando as previsões do mercado e demonstrando resiliência em meio à escalada tarifária promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (19) pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS) e analisados em matéria da Reuters.
Embora o ritmo de crescimento industrial tenha desacelerado em relação aos 7,7% registrados em março, o desempenho foi melhor do que a projeção de 5,5% feita por analistas consultados pela agência. O resultado, segundo especialistas, reflete a eficácia dos estímulos fiscais e monetários adotados por Pequim. “A resiliência de abril se deve, em parte, a um apoio fiscal antecipado”, avaliou Tianchen Xu, economista sênior da Economist Intelligence Unit.
Além da indústria, os dados do comércio exterior também vieram acima do esperado. Exportações mais firmes no início do mês apontaram para uma reorganização das cadeias globais, com países buscando fornecedores chineses em meio à desordem provocada pelas tarifas unilaterais dos EUA. “O comércio exterior da China superou dificuldades e manteve um crescimento estável, demonstrando forte resiliência e competitividade internacional”, declarou Fu Linghui, porta-voz do NBS.
A trégua tarifária acertada entre Pequim e Washington na semana ada, após negociações em Genebra, suspendeu a maior parte das tarifas impostas desde abril, num acordo que trouxe alívio temporário à economia global. A pausa de 90 dias foi considerada uma vitória política por Pequim, que tem mantido a estabilidade econômica mesmo diante da agressividade comercial norte-americana.
Comércio externo impulsiona a economia
A melhora nas exportações ajudou a compensar a estagnação do valor das entregas externas, como apontado por Xu, que ainda vê desafios persistentes: “Apesar do rápido crescimento no valor agregado industrial, o valor das entregas de exportações permaneceu praticamente estagnado.”
Ainda assim, os dados positivos indicam que a economia chinesa tem conseguido adaptar-se ao cenário internacional adverso, fortalecendo seus laços comerciais com outras regiões e expandindo sua presença em mercados estratégicos.
Consumo interno ainda sente os efeitos
Por outro lado, o consumo interno segue pressionado. As vendas no varejo cresceram 5,1% em abril, abaixo da expectativa de 5,5% e também do crescimento de 5,9% observado em março. Economistas atribuem a desaceleração às incertezas provocadas pela guerra comercial e ao impacto das tarifas sobre a confiança dos consumidores chineses.
No setor imobiliário, os sinais continuam negativos: preços estagnados e redução nos investimentos mostram que a recuperação ainda está distante. Para contornar parte da retração no consumo, o governo lançou um programa de renovação de eletrodomésticos, que impulsionou as vendas do setor em 38,8%.
Estímulos sustentam expectativas
Apesar da desaceleração do consumo e da persistência de pressões deflacionárias, os indicadores do primeiro trimestre trazem otimismo. O PIB chinês cresceu 5,4% nos primeiros três meses de 2025, acima das expectativas e em linha com a meta oficial de cerca de 5% para o ano.
Com a taxa de desemprego caindo levemente para 5,1%, as autoridades chinesas apostam na manutenção dos estímulos fiscais e monetários como caminho para sustentar o crescimento. O pacote de medidas anunciado em maio, que incluiu corte de juros e injeção de liquidez, foi implementado antes mesmo do alívio tarifário com os EUA, sinalizando a preocupação com a estabilidade de médio prazo.
Julian Evans-Pritchard, chefe de economia chinesa na Capital Economics, advertiu que o acordo com os EUA trará alívio momentâneo, mas que a economia ainda enfrenta ventos contrários: “Mesmo que a suspensão tarifária se mantenha, obstáculos mais amplos nos levam a acreditar que a economia da China deve desacelerar ainda mais nos próximos trimestres.”
No entanto, a combinação de um setor industrial forte, comércio exterior resiliente e resposta governamental rápida tem mostrado que a China continua apta a enfrentar os choques externos, mesmo sob o ataque tarifário promovido por Washington. A força da segunda maior economia do mundo segue como fator-chave para a estabilidade global.
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