Primeiro-ministro diz que Reino Unido está "pronto" para enviar tropas à Ucrânia em possível acordo de paz
Keir Starmer defende a segurança da Ucrânia como prioridade para garantir paz duradoura na Europa
247 - Em uma declaração publicada no Daily Telegraph, Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, afirmou que está "pronto e disposto" a enviar tropas britânicas para o território ucraniano, caso seja necessário, como parte de um acordo de paz que garanta a segurança do país, informa a BBC. A afirmação ocorre em meio a preparativos para uma cúpula de emergência com líderes europeus, marcada para segunda-feira (17), em Paris. Starmer ressaltou que a paz duradoura na Ucrânia é "essencial se quisermos dissuadir Putin de novas agressões no futuro".
"Não digo isso de forma leviana", escreveu o primeiro-ministro britânico. "Sinto profundamente a responsabilidade que envolve potencialmente colocar os militares britânicos em risco", destacou. Contudo, Starmer fez questão de afirmar que qualquer envolvimento em missões de segurança na Ucrânia não é apenas um esforço em prol do país, mas também um o importante para garantir a segurança do continente europeu e do próprio Reino Unido. "Mas qualquer papel em ajudar a garantir a segurança da Ucrânia está ajudando a garantir a segurança do nosso continente e a segurança deste país", acrescentou.
Starmer também alertou que o fim da guerra da Rússia contra a Ucrânia, "quando chegar", não pode ser visto como uma pausa temporária, mas como um fechamento definitivo do conflito. Isso significa que tropas britânicas poderiam ser enviadas para atuar ao lado de forças de outras nações europeias, especialmente na linha de fronteira entre o território controlado pela Ucrânia e as áreas ocupadas pela Rússia.
O secretário de Saúde do Reino Unido, Wes Streeting, reforçou a posição do governo, afirmando que a guerra na Ucrânia representa "a linha de frente para a Europa e para o Reino Unido". Streeting acrescentou que o Reino Unido está "preparado para desempenhar seu papel em garantir o futuro de longo prazo da Ucrânia, da Europa e da segurança nacional do Reino Unido".
Entretanto, essa postura de maior envolvimento britânico tem gerado debate interno. Lord Dannatt, ex-chefe do Exército britânico, alertou que as forças armadas do Reino Unido estão "tão sucateadas" que não poderiam liderar uma missão de paz na Ucrânia sem um aumento substancial de recursos e tropas. "Francamente, não temos o número de tropas necessárias e não temos o equipamento para colocar uma grande força em campo por um período prolongado neste momento", disse Lord Dannatt à BBC.
A preocupação com a viabilidade de enviar tropas é compartilhada por outros líderes, incluindo John Sawers, ex-chefe do MI6, que enfatizou a necessidade de um "mandato muito claro" para garantir que qualquer força de paz enviada à Ucrânia consiga manter um acordo de cessar-fogo eficaz.
Em relação a uma possível participação dos Estados Unidos em um futuro acordo de paz, Starmer afirmou que "uma garantia de segurança dos EUA é essencial para uma paz duradoura, porque somente os EUA podem dissuadir Putin de atacar novamente". O primeiro-ministro também revelou que se encontrará com o presidente Donald Trump em Washington ainda este mês para discutir a questão, já que Trump propôs que as negociações de paz com a Rússia sejam conduzidas diretamente pelos EUA, com a participação reduzida dos países europeus.
Starmer também defendeu que a Ucrânia deve estar presente nas negociações de paz. "A paz não pode vir a qualquer custo", escreveu ele, afirmando que "a Ucrânia deve estar à mesa dessas negociações, porque qualquer coisa menos do que isso aceitaria a posição de Putin de que a Ucrânia não é uma nação real". Ele ainda alertou que a situação não deve se repetir como no Afeganistão, quando os EUA negociaram diretamente com o Talibã e excluíram o governo afegão.
Além disso, o primeiro-ministro britânico destacou a importância da adesão da Ucrânia à OTAN, afirmando que esse caminho é "irreversível" e que as nações europeias precisam aumentar seus investimentos em defesa. O Reino Unido, que atualmente gasta cerca de 2,3% do PIB com defesa, se comprometeu a aumentar esse gasto para 2,5%, embora ainda sem prazo definido.
A reunião em Paris, convocada pelo presidente francês Emmanuel Macron, contará com a participação de líderes da Alemanha, Itália, Polônia, Espanha, Países Baixos e Dinamarca, além dos presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, e de Mark Rutte, secretário-geral da OTAN. A presença de Keir Starmer e de outros líderes europeus será fundamental para discutir o futuro da segurança na Ucrânia e a postura internacional em relação ao conflito com a Rússia.
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