Nova frente armada síria assume ataque às Colinas de Golã e promete resistência a Israel
Grupo islâmico denuncia "desvio" da revolução síria e ameaça resposta militar caso Tel Aviv avance sobre o território
247 - Um novo ator insurgente emergiu no cenário sírio e já provocou tensões regionais: a Frente de Resistência Islâmica assumiu a autoria de um ataque com foguetes contra as Colinas de Golã, atualmente ocupadas por Israel. A informação foi divulgada por meio de comunicado oficial do grupo, publicado na noite de quarta-feira (4), conforme relatado pela emissora Al Mayadeen.
O porta-voz militar da organização, identificado como Abu al-Qassem, declarou que a ofensiva lançada na terça-feira representa um alerta contra o que chamou de traição aos ideais da revolução síria. “A revolução na Síria desviou de seu caminho e agora clama pela normalização com Israel”, afirmou, em tom de denúncia. A mensagem se encerra com uma ameaça direta: “Vocês estão diante da fúria síria, que só será apagada com sangue.”
Foguetes e silêncio diplomático
O ataque envolveu, segundo fontes locais, dois foguetes do tipo Grad e acionou os alarmes antiaéreos no sul da região das Colinas de Golã, seguida por relatos de explosões. O território, situado na fronteira entre Síria e Israel, permanece sob ocupação israelense desde a guerra de 1967, e continua sendo um ponto sensível nos conflitos do Oriente Médio.
Apesar da escalada, o governo sírio de transição respondeu com cautela. O Ministério das Relações Exteriores afirmou não ter verificado o lançamento de mísseis e reiterou que “a Síria não representa e não representará ameaça a qualquer parte regional”.
Ruptura com Damasco e nova agenda política
Em entrevista à Al Mayadeen, o dirigente do braço político da Frente de Resistência Islâmica, Mahmoud Muwaldi, esclareceu a posição da nova organização frente à atual estrutura de poder em Damasco. “Somos oposição à autoridade de fato em Damasco”, afirmou, indicando um rompimento com o regime sírio liderado por Bashar al-Assad.
Segundo Muwaldi, o ataque não apenas teve Israel como destinatário direto, mas serviu também como afirmação da presença do grupo no território sírio. “Estamos aqui. Prometemos plantar fogo sob seus pés se ousarem invadir nosso território”, declarou.
O dirigente ainda enfatizou que a Frente de Resistência Islâmica atua de forma autônoma, sem articulação com outras milícias armadas na Síria, embora tenha afirmado que várias dessas formações teriam se dissolvido e aderido à nova frente.
Uma causa interna e externa
A Frente propõe uma agenda dual: por um lado, confrontar o que considera ocupação estrangeira; por outro, reestruturar o país em novas bases políticas. Muwaldi sustentou que o grupo busca representar “a maioria silenciosa dentro da Síria, de todos os segmentos da sociedade”.
Ao se posicionar contra o governo de Assad e contra a ocupação israelense, a nova organização surge como uma força híbrida, cuja retórica combina resistência nacionalista e críticas internas à atual condução política do país — um desafio tanto ao regime sírio quanto aos atores externos que moldam a geopolítica da região.
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