Israel ameaça anexar Cisjordânia se Europa reconhecer Estado palestino

247 - O ministro dos Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, declarou nesta segunda-feira (26) que Israel pode adotar medidas unilaterais na Cisjordânia, incluindo a anexação de territórios, caso países europeus como Reino Unido e França reconheçam oficialmente o Estado palestino, destaca a agência Lusa ,citando reportagem publicada pelo jornal israelense Haaretz.

Durante um encontro com o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, Dermer avisou que o governo israelense está preparado para legalizar assentamentos considerados ilegais e avançar com a anexação de porções da chamada Área C da Cisjordânia. Essa região, a maior das três em que o território foi dividido após os Acordos de Oslo de 1993, permanece sob controle istrativo e militar de Israel. Já as zonas B e A estão sob controle compartilhado e total da Autoridade Palestina, respectivamente.

A ameaça, de acordo com a reportagem, ocorre em um momento de articulação diplomática internacional. Está prevista para 18 de junho, em Nova York, uma cúpula copresidida pela França e pela Arábia Saudita, com foco no reconhecimento do Estado da Palestina. A possibilidade de avanço dessa pauta provocou reações duras do governo israelense.

O Israel Hayom, corroborando informações do Haaretz, relatou que o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, também sinalizou possíveis ações unilaterais, dirigindo seus recados a Barrot, ao ministro britânico David Lammy e a outras autoridades europeias envolvidas nas discussões.

O chefe da diplomacia britânica já havia manifestado, no mês ado, que Londres mantém conversas com Paris sobre a questão. Segundo Lammy, o Reino Unido só dará apoio ao reconhecimento do Estado palestino se essa decisão tiver efeitos concretos.

Já o presidente do Conselho Europeu, António Costa, reforçou nesta segunda-feira (26), por meio da rede social X, o compromisso da União Europeia com uma solução que preveja a coexistência de dois Estados. A publicação veio após diálogo telefônico com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Costa afirmou que a UE aguarda com expectativa a conferência da ONU agendada para junho.

Em consonância, o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, afirmou em entrevista coletiva ao lado do colega alemão Johann Wadephul que Portugal "mantém sempre em avaliação" a hipótese de reconhecer o Estado palestino. Segundo Rangel, essa posição é fruto de uma doutrina reiteradamente expressa no Parlamento português.

“A nossa posição quanto a um reconhecimento está espelhada numa doutrina que repeti variadas vezes no Parlamento, e que significa algo que está sempre em avaliação, que é conversado com os parceiros, quer com aqueles que já reconheceram o Estado da Palestina, quer com os que entendem que é preciso haver outros os para que esse reconhecimento tenha lugar”, disse Rangel, conforme a reportagem.

Rangel sublinhou ainda que, embora o contexto político seja dinâmico, a doutrina de Portugal não foi modificada, e não se descarta um eventual reconhecimento da Palestina como Estado soberano.