Irã critica proposta dos EUA sobre programa nuclear e promete resposta firme
Ministro iraniano das Relações Exteriores afirma que documento norte-americano está repleto de ambiguidades
247 - Em declaração contundente durante um evento em Beirute, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araqchi, criticou duramente a proposta encaminhada pelos Estados Unidos no âmbito das negociações nucleares em curso. Segundo ele, o documento entregue por Washington contém "muitas ambiguidades e questões não resolvidas", o que,, compromete a seriedade do processo.A notícia foi originalmente divulgada pelo canal HispanTV, que cobriu a participação de Araqchi na cerimônia de lançamento da versão em árabe do livro O Poder da Negociação. O evento ocorreu na capital libanesa na terça-feira, 3 de junho, e foi palco para importantes declarações a respeito das tratativas nucleares entre Teerã e Washington.
"O documento recebido está cheio de ambiguidades e questões não resolvidas. Muitos pontos não estão claros", declarou Araqchi, reforçando que o Irã responderá à proposta "de maneira precisa e firme" nos próximos dias, com base em seus próprios princípios e interesses nacionais.
Segundo o ministro, um dos principais entraves é a insistência dos Estados Unidos em tentar limitar o direito do Irã ao enriquecimento de urânio, o que, para Teerã, é uma prerrogativa inegociável. "O enriquecimento de urânio dentro do Irã é uma linha vermelha. Foi conquistado com enormes sacrifícios do nosso povo, que enfrentou mais de 20 anos de sanções duríssimas impostas pelos EUA", afirmou.
Araqchi aproveitou a ocasião para reiterar que o programa nuclear iraniano tem fins pacíficos e representa uma conquista científica do país. "Hoje, o enriquecimento é uma fonte de orgulho nacional e uma conquista científica alcançada por nossos especialistas. Não é algo importado que possa ser facilmente abandonado", afirmou o ministro, em tom enfático.
A posição do Irã se apoia no Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), do qual o país é signatário. De acordo com o acordo internacional, os Estados-membros têm o direito de desenvolver energia nuclear para fins pacíficos, o que inclui o enriquecimento de urânio sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Ainda segundo o chanceler, as contradições e imposições da Casa Branca impedem o avanço efetivo das negociações. "Os Estados Unidos não têm clareza sobre o que querem", afirmou. Ele também recordou a política de "pressão máxima" imposta por Donald Trump, que combina sanções econômicas e ameaças militares, ao mesmo tempo em que propõe negociações com Teerã.
"É claro que negociações em tais circunstâncias não podem ser uma verdadeira negociação em pé de igualdade, mas sim uma espécie de negociação de rendição", analisou Araqchi. Por esse motivo, destacou o ministro, o Irã recusou-se a aceitar a proposta de diálogo direto feita por Trump, optando por um caminho próprio: "Não negociaremos sob as condições determinadas pelos Estados Unidos, mas nos envolveremos em negociações sob as condições que nós mesmos definirmos".
Desde abril, Irã e Estados Unidos já realizaram cinco rodadas de negociações indiretas visando à retomada de um acordo nuclear e ao alívio das sanções impostas contra Teerã. No entanto, o processo tem sido travado por contradições e exigências consideradas excessivas por parte dos negociadores norte-americanos, incluindo, mais recentemente, a tentativa de impedir qualquer tipo de enriquecimento de urânio pelo Irã — exigência que foi prontamente rechaçada.
Para o governo iraniano, a postura de Washington demonstra falta de compromisso com uma solução diplomática equilibrada. "O Irã está comprometido com a paz e a cooperação internacional, mas isso só pode ser alcançado com respeito mútuo e reconhecimento da soberania de cada país", finalizou Araqchi.
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