Governo Trump suspende vistos estudantis e impõe vigilância ideológica sobre redes sociais de aplicantes

247 - O governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, determinou nesta terça-feira (27), a suspensão imediata de novas entrevistas para concessão de vistos estudantis (categorias F, M e J) em todas as embaixadas e consulados do país. 

A decisão, comunicada por meio de um memorando assinado pelo secretário de Estado Marco Rubio, foi divulgada pelo site Politico. A medida antecede a implementação de um novo protocolo de triagem que incluirá a análise obrigatória das redes sociais dos candidatos. 

Segundo o documento, os postos consulares devem “interromper imediatamente a adição de novas vagas para entrevistas de vistos estudantis e de intercâmbio até que novas orientações sejam emitidas”. Entrevistas já agendadas poderão ocorrer normalmente. A expectativa é que as novas diretrizes sejam divulgadas nos próximos dias.

Essa iniciativa faz parte de uma série de ações do governo Trump para restringir a entrada de estudantes estrangeiros, especialmente aqueles que manifestam apoio a causas palestinas ou críticas a Israel. Em março, Rubio já havia sinalizado a intensificação dessas medidas após a prisão de Rümeysa Öztürk, doutoranda da Universidade Tufts, detida por agentes federais após coautorar um artigo opinativo em apoio aos palestinos. Rubio afirmou na ocasião: “Se você solicita um visto para estudar nos Estados Unidos e nos informa que pretende participar de movimentos que envolvem vandalismo em universidades, assédio a estudantes, ocupação de prédios, tumultos — não concederemos o visto”.

Além da suspensão das entrevistas, o Departamento de Estado está exigindo que diplomatas examinem as redes sociais de solicitantes de vistos estudantis e de intercâmbio, com o objetivo de identificar postagens consideradas críticas aos Estados Unidos ou a Israel. Rubio declarou que mais de 300 vistos já foram revogados com base nessas análises.  

Paralelamente, a Universidade Harvard enfrenta uma série de sanções por parte do governo federal. Na semana ada, o Departamento de Segurança Interna (DHS) revogou a certificação da instituição para matricular estudantes internacionais, afetando cerca de 6.800 alunos estrangeiros. A medida foi temporariamente suspensa por uma ordem judicial, mas o DHS estipulou que os estudantes devem se transferir para outras instituições antes do ano letivo de 2025-2026 ou perderão seu status legal. 

O governo Trump também ordenou o cancelamento de contratos federais com Harvard, totalizando aproximadamente US$ 100 milhões, e ameaçou redirecionar até US$ 3 bilhões em fundos para escolas técnicas. As ações são justificadas por acusações de que a universidade abriga atividades antissemitas e mantém vínculos com o Partido Comunista Chinês, alegações que Harvard nega veementemente.