Governo Trump diz que EUA não serão mais a principal garantia da defesa europeia

247 - O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, afirmou nesta quarta-feira (23) que chegou ao fim a era em que os EUA arcavam sozinhos com a segurança da Europa. A fala foi feita durante uma apresentação na Escola de Guerra do Exército dos EUA e repercutida pela Sputnik Internacional.

“O tempo de os Estados Unidos serem os únicos garantidores da segurança europeia já ou”, afirmou Hegseth. A declaração sinaliza uma mudança de tom significativa na política de segurança transatlântica e ecoa críticas recorrentes do presidente dos EUA, Donald Trump, que cobra dos aliados europeus um aumento expressivo nos investimentos militares.

Hegseth reforçou que os países europeus precisam assumir maior protagonismo na defesa do continente e reiterou o apelo de Washington para que os aliados da OTAN ampliem seus gastos com defesa. “Fizemos o mesmo apelo aos nossos aliados. Dois por cento [de gastos com defesa] não são suficientes, considerando a ameaça que vocês enfrentam”, alertou o secretário.

O presidente dos EUA, Donald Trump, tem sido uma das vozes mais críticas dentro do governo norte-americano em relação ao que considera uma "submissão excessiva" dos países europeus à proteção dos Estados Unidos. 

As declarações de Hegseth ocorrem em um momento de crescente tensão geopolítica no continente europeu, com o prolongamento da guerra na Ucrânia. 

Analistas internacionais destacam que o incentivo aos gastos militares por parte dos europeus coincide com uma tendência mais ampla do governo dos EUA de reorientar seus recursos estratégicos para outras áreas do globo, especialmente o Indo-Pacífico, onde a rivalidade com a China tem ganhado centralidade na política externa norte-americana.

O discurso de Hegseth reabre um antigo debate sobre o equilíbrio de responsabilidades dentro da OTAN e marca um possível novo capítulo na relação entre Washington e seus parceiros europeus, em um mundo cada vez mais multipolar e instável.