Alemanha anuncia aumento de apoio militar à Ucrânia
Decisão é do governo Scholz, ainda em funções, enquanto novo primeiro-ministro sinaliza possível envio de mísseis Taurus, gerando forte reação de Moscou
247 - A Alemanha anunciou um novo e robusto pacote de ajuda militar à Ucrânia, intensificando seu papel no conflito em curso com a Rússia. A informação foi divulgada pelo governo alemão na última quinta-feira (17), com base em uma lista atualizada de equipamentos militares enviada a Kiev. A reportagem original é do portal RT, e traz ainda declarações recentes do chanceler eleito Friedrich Merz que sugerem uma reorientação significativa da política alemã em relação ao fornecimento de armamentos de longo alcance.
Segundo o comunicado oficial, a República Federal da Alemanha já forneceu ou se comprometeu a fornecer assistência militar à Ucrânia no valor total de aproximadamente 28 bilhões de euros. Desse montante, cerca de 5,2 bilhões de euros foram retirados diretamente dos estoques militares das Forças Armadas alemãs (Bundeswehr). O apoio inclui não apenas armamentos, mas também treinamento: mais de 10 mil soldados ucranianos aram por formação militar em solo alemão desde o início da escalada da guerra em fevereiro de 2022.
O pacote mais recente inclui veículos blindados do tipo MRAP (protegidos contra minas e emboscadas), munições para tanques Leopard 2, canhões antiaéreos autopropulsados Gepard, além de mísseis para os sistemas de defesa aérea IRIS-T SLM. Entre os novos armamentos enviados, também estão os obuses autopropulsados Zuzana 2, projéteis de artilharia de 122 mm e 155 mm, drones de reconhecimento e ataque, rifles de assalto e armas antitanque portáteis.
Durante a reunião do Grupo de Contato para a Ucrânia, realizada em Bruxelas, o Ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, anunciou que Berlim pretende doar, em 2025, quatro sistemas de defesa aérea IRIS-T adicionais, 300 mísseis guiados, 100 radares de vigilância terrestre, 100 mil projéteis de artilharia, 300 drones de reconhecimento, 25 veículos de combate de infantaria Marder, 15 tanques Leopard 1A5 e 120 sistemas portáteis de mísseis antiaéreos.
O possível ponto de inflexão na postura alemã veio no último domingo, quando o chanceler eleito Friedrich Merz, em entrevista à emissora ARD, indicou que considera viável autorizar o envio de mísseis de cruzeiro Taurus, com alcance de até 500 km, ao Exército ucraniano. Caso isso se concretize, a Alemanha romperá com a política de seu antecessor, Olaf Scholz, que vinha rejeitando sistematicamente os pedidos de Kiev por esse tipo de armamento.
Scholz vinha defendendo que o fornecimento de mísseis de longo alcance representaria uma escalada perigosa no conflito, podendo gerar repercussões imprevisíveis. A mudança de orientação, ainda que não confirmada, acendeu o alerta em Moscou.
Em resposta às declarações de Merz, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, advertiu que "qualquer ataque com mísseis de cruzeiro contra instalações russas ou infraestrutura de transporte crítica que exija apoio da Bundeswehr será considerado como envolvimento direto da Alemanha nas operações militares". A afirmação é uma clara tentativa de dissuadir Berlim de qualquer avanço nessa direção.
Internamente, o debate ainda está em curso. Matthias Miersch, líder do Partido Social-Democrata (SPD), que negocia uma coalizão de governo com os democrata-cristãos de Merz, ponderou que a decisão deve ser reavaliada com base em informações de inteligência. "Espero que o novo chanceler, uma vez totalmente informado pelas agências, reavalie a questão claramente", afirmou o dirigente do SPD na última quarta-feira.
Caso Merz confirme o envio dos mísseis Taurus, essa será a primeira vez que a Alemanha fornece armamentos com capacidade de atingir alvos em profundidade no território russo — algo que pode alterar o cálculo estratégico da guerra e aprofundar as tensões entre a OTAN e Moscou.
A nova postura alemã reflete, segundo analistas, uma pressão crescente dentro do bloco ocidental para que a Ucrânia receba meios mais eficazes de defesa e contra-ataque, em meio a um conflito prolongado e com custos humanos e materiais cada vez maiores.
A medida também ocorre num momento de expectativa pela possível volta de Donald Trump à presidência dos EUA, o que tem gerado incertezas entre os aliados europeus quanto à continuidade do apoio norte-americano a Kiev. Nesse contexto, países como Alemanha e França vêm assumindo um papel mais ativo e independente na ajuda à Ucrânia, inclusive em termos militares.
O que resta saber agora é se o governo alemão, sob a liderança de Merz, conseguirá sustentar politicamente essa guinada e quais serão as consequências estratégicas dessa decisão para o cenário internacional.
Em declarações ao veículo de comunicação ARD no último domingo, Merz, que deverá ser oficialmente nomeado chanceler em 6 de maio, insinuou que poderia entregar mísseis Taurus à Ucrânia. O Taurus tem um alcance de 500 km.
O atual chanceler Olaf Scholz rejeitou repetidamente os pedidos de foguetes de Kiev, argumentando que eles poderiam levar a uma escalada perigosa do conflito.
Matthias Miersch, líder do Partido Social-Democrata (SPD), que atualmente está em processo de formação de um governo de coalizão com os democratas-cristãos de Merz, expressou esperança na quarta-feira de que o novo chanceler, "uma vez totalmente informado pelas agências [de inteligência], reavalie a questão claramente".
Em resposta à observação de Merz, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, declarou que qualquer ataque com mísseis de cruzeiro a instalações russas ou infraestrutura de transporte crítica que exija assistência da Bundeswehr seria visto como envolvimento direto da Alemanha em operações militares.
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