Dilma Rousseff: 'políticas de Trump minam credibilidade do dólar no mundo'

247 - A presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD, Banco do BRICS), Dilma Rousseff, avaliou que a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, irá corroer o papel do dólar como porto-seguro mundial.

Em conferência virtual promovida pela Fundação Perseu Abramo nesta terça-feira (20), Rousseff afirmou que os países do BRICS aram a exercer um papel cada vez mais relevante no PIB global, com capacidade de se projetar no cenário internacional. Ela destacou os avanços tecnológicos, em especial na China. 

Apesar do fortalecimento do BRICS, a ex-presidente do Brasil avaliou que a perda de credibilidade do dólar é resultado das políticas dos próprios EUA. "Não é um órgão que se distancia da conjuntura, mas o papel do BRICS é estratégico diante da eleição de Trump. Em 2025 novas contradições aparecem: o dólar tradicionalmente foi considerado um porto-seguro pelos bancos centrais, fundos e pessoas, mas hoje se encontra ameaçado pelas políticas dos próprios EUA, por políticas que criam incerteza e colocando em xeque o papel dominante do mundo, a começar pelo mês de abril", afirmou. 

Ela explicou que os EUA mantiveram grandes déficits fiscais por muito tempo em razão da hegemonia do dólar. "Com essa vantagem, os EUA mantiveram grandes déficits, comercial e fiscal, sustentado pelo uso obrigatório do dólar; isso levou a empréstimos a baixíssimos custos e à desindustrialização dos EUA", afirmou. 

Dilma Rousseff também afirmou que, após as tarifas comerciais dos EUA, investidores fugiram do país. "A política comercial errática de Trump vem corroendo a imagem dos EUA como porto-seguro", declarou.

"Trump quer construir uma nova América que retoma o modelo de Estado-Nação, industrializado, desinibido de ambições imperiais, mas mantendo a prerrogativa do dólar hegemônico", pontuou.