China realiza mais uma ação concreta para manter a estabilidade estratégica global, diz editorial do Global Times
Documento assinado com a Rússia destaca rejeição à corrida armamentista e à mentalidade da Guerra Fria
247 - Em mais uma demonstração de parceria estratégica integral, China e Rússia emitiram uma nova declaração conjunta em defesa da estabilidade global, ao fim da visita de Estado do presidente chinês Xi Jinping a Moscou. A viagem incluiu a participação de Xi nas comemorações do 80º aniversário da vitória soviética na Grande Guerra Patriótica. O documento, divulgado neste domingo (11), representa a terceira declaração desse tipo entre os dois países e é o tema do editorial do jornal chinês Global Times.
Segundo o editorial, a iniciativa sino-russa representa uma resposta clara às crescentes tensões internacionais e à deterioração do sistema de segurança global. "Os Estados com armas nucleares devem rejeitar a mentalidade da Guerra Fria e os jogos de soma zero", afirma a declaração conjunta, que defende resoluções baseadas no diálogo, respeito mútuo e consultas em pé de igualdade. O documento também alerta contra a prática de buscar segurança nacional às custas da insegurança de outros países.
As autoridades chinesas enfatizam que, diante de um mundo marcado por déficits de paz, segurança, desenvolvimento e governança, a estabilidade estratégica — especialmente no campo nuclear — é uma condição indispensável para evitar catástrofes. “As armas nucleares são a ‘Espada de Dâmocles’ que paira sobre a humanidade”, lembra o editorial, reforçando a necessidade de fortalecer o compromisso com sua não utilização e eventual eliminação.
A nova declaração busca atualizar o escopo da estabilidade estratégica para além do setor militar, estendendo-o a áreas emergentes como o espaço sideral, o ciberespaço e a inteligência artificial. A crescente tensão geopolítica, o investimento maciço de algumas potências na modernização de arsenais nucleares e a formação de alianças nucleares regionais são citadas como fatores de risco iminente. “Algumas grandes potências estão implantando mísseis terrestres de médio e curto alcance às portas de outros Estados com armas nucleares”, alerta o texto.
A ação conjunta dos dois países se ancora nos compromissos da Declaração dos Líderes dos Cinco Estados com Armas Nucleares, assinada em 2022, que estipula que "uma guerra nuclear não pode ser vencida e nunca deve ser travada". Nesse contexto, Pequim e Moscou propõem iniciativas preventivas e multilaterais para reduzir os riscos de guerra, combater a proliferação nuclear e impedir o uso militar irresponsável de tecnologias emergentes.
Entre as propostas destacadas, a declaração enfatiza a necessidade de prevenir conflitos em vez de apenas “istrar” confrontos já instaurados. Também critica o uso de sanções unilaterais e práticas econômicas coercitivas por parte de certos países, as quais, segundo os signatários, minam a segurança e o desenvolvimento global. “Os dois lados se esforçarão para praticar o verdadeiro multilateralismo”, aponta o documento, reafirmando oposição à utilização de plataformas internacionais para fins de contenção econômica ou tecnológica.
A prevenção da militarização do espaço sideral, o cumprimento da Convenção sobre Armas Biológicas e a regulação do uso militar da inteligência artificial são outros pontos de destaque, considerados por ambos os países como urgentes frente ao acelerado avanço tecnológico e à falta de governança internacional nessas esferas.
O editorial do Global Times conclui que a ação sino-russa pretende fortalecer os pilares do sistema multilateral centrado na ONU e da ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial. “No mundo de hoje, o destino das pessoas está interconectado e nenhum país pode permanecer isolado dos demais”, ressalta o texto. A China e a Rússia, como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e vencedores da Segunda Guerra Mundial, afirmam estar cumprindo um papel histórico ao se posicionarem contra a instabilidade, a corrida armamentista e o unilateralismo hegemônico.
A declaração conjunta surge em um momento de profundas incertezas geopolíticas, com crescentes disputas e deterioração dos mecanismos tradicionais de controle de armas. Ao reiterar seu compromisso com a segurança coletiva e o multilateralismo, China e Rússia sinalizam que pretendem manter uma frente diplomática ativa para moldar uma nova arquitetura de segurança global baseada no equilíbrio, no diálogo e no respeito ao direito internacional.
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