Carney diz que Canadá está pronto para liderar a economia global

247 – Em pronunciamento contundente feito na última quinta-feira (3), o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou que o país está preparado para assumir o protagonismo na liderança econômica global, diante do que classificou como um “rompimento” do sistema comercial internacional liderado pelos Estados Unidos. As declarações foram publicadas originalmente pela RT.

A fala de Carney veio em resposta ao novo pacote de tarifas imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que iniciou seu segundo mandato em 2025. As medidas incluem sobretaxas de até 49% sobre produtos de diversos países, além de um aumento específico de 25% sobre veículos e peças automotivas canadenses que não cumpram com as normas do USMCA – o acordo de livre comércio entre Estados Unidos, Canadá e México.

Segundo Carney, “o sistema de comércio global ancorado nos Estados Unidos, no qual o Canadá confiou desde o fim da Segunda Guerra Mundial, acabou. Um sistema que, embora imperfeito, proporcionou prosperidade ao nosso país por décadas, chegou ao fim. Nosso antigo relacionamento de integração cada vez mais profunda com os EUA terminou”.

O primeiro-ministro classificou as ações dos Estados Unidos como uma “tragédia” que alterou profundamente a realidade econômica mundial, mas destacou que o Canadá está preparado para preencher o vazio de liderança deixado por Washington. “O Canadá deve buscar novos parceiros para expandir nosso comércio, fortalecer nossa economia e proteger nossa soberania. Estamos prontos para liderar a construção de uma coalizão de países com valores semelhantes aos nossos”, afirmou.

A decisão de Trump foi anunciada em uma cerimônia chamada por ele de “dia da libertação”, em referência ao suposto desequilíbrio na balança comercial dos Estados Unidos. Para o presidente norte-americano, os novos impostos visam corrigir a diferença entre importações e exportações. No entanto, Carney alertou que a medida poderá “romper a economia global”.

Além disso, Trump acusou o Canadá de receber um “subsídio implícito” de aproximadamente US$ 200 bilhões anuais por parte de Washington e sugeriu, de maneira provocativa, que a melhor solução para o ime comercial seria tornar o Canadá o 51º estado dos Estados Unidos – uma ideia que tem sido veementemente rejeitada por líderes canadenses e pela opinião pública.

Uma pesquisa recente conduzida pela YouGov revelou que 77% dos canadenses se opõem à ideia de uma fusão com os Estados Unidos, enquanto apenas 15% se mostram favoráveis.

A resposta do governo canadense às tarifas norte-americanas incluiu retaliações específicas: todos os veículos e componentes automotivos importados dos EUA que não estejam em conformidade com as regras do USMCA arão a ser taxados. O objetivo, segundo Carney, é proteger a indústria canadense e reafirmar a independência econômica do país.

Com esse posicionamento, o Canadá se reposiciona no cenário internacional como uma voz ativa em defesa do multilateralismo e da cooperação entre nações que compartilham valores democráticos e comprometimento com regras justas de comércio.