Aliados de Trump já mantêm conversas secretas com opositores de Zelensky na Ucrânia
Movimentação nos bastidores intensifica pressão para eleições antecipadas
247 – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem reforçado a pressão sobre Volodymyr Zelensky, buscando uma solução rápida para a guerra na Ucrânia, mesmo que isso envolva concessões significativas ao Kremlin. Em meio a essa estratégia, quatro membros do círculo próximo de Trump mantiveram conversas secretas com figuras da oposição ucraniana, entre elas a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko e membros do partido do ex-presidente Petro Poroshenko. A informação foi revelada pelo portal Politico, que obteve detalhes exclusivos sobre os bastidores dessas negociações.
Segundo três parlamentares ucranianos e um especialista republicano em política externa nos EUA, as discussões focaram na possibilidade de eleições presidenciais antecipadas na Ucrânia, atualmente inviáveis devido à lei marcial imposta desde o início da invasão russa. Apesar de críticos apontarem que um pleito agora poderia desestabilizar o país e favorecer os interesses de Moscou, aliados de Trump acreditam que o desgaste da guerra e denúncias de corrupção minaram o apoio a Zelensky, tornando sua derrota uma possibilidade real.
A istração Trump, oficialmente, nega qualquer interferência na política interna da Ucrânia. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, declarou que o presidente "não está se envolvendo na política ucraniana" e que seu único objetivo é encontrar um "parceiro para a paz". No entanto, as movimentações nos bastidores e as declarações de Trump apontam para um cenário diferente. O presidente norte-americano tem acusado Zelensky de ser um "ditador sem eleições", enquanto a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, propagou a falsa narrativa de que Kiev cancelou as eleições.
Ainda assim, pesquisas recentes indicam que Zelensky segue como o candidato mais forte, superando os adversários da oposição. Segundo levantamento da empresa britânica Survation, realizado logo após um encontro tenso entre Zelensky e Trump na Casa Branca, o atual presidente ucraniano mantém 44% das intenções de voto, enquanto seu rival mais próximo, Valery Zaluzhny, ex-comandante militar e atual embaixador do Reino Unido, aparece com pouco mais de 20%. Petro Poroshenko, conhecido como o "Rei do Chocolate" devido ao seu império empresarial, tem apenas 10%, e Tymoshenko aparece com menos de 6%.
Apoio russo à estratégia de Trump
De acordo com o Politico, os contatos entre a oposição ucraniana e a equipe de Trump se intensificaram nas últimas semanas, com a ideia de realizar um pleito antes do início de qualquer negociação formal de paz. O Kremlin, que há anos busca a saída de Zelensky, também defende a realização de eleições antecipadas, uma convergência de interesses que gera preocupação em Kiev.Apesar de publicamente se oporem à realização de eleições durante a guerra, Tymoshenko e Poroshenko mantêm canais de diálogo abertos com os norte-americanos. "Poroshenko e Yulia, eles estão todos conversando com Trump, se posicionando como opções mais maleáveis, mais fáceis de trabalhar, e dispostos a aceitar muitas das condições que Zelensky rejeita", revelou ao Politico um especialista republicano, sob condição de anonimato.
Enquanto o futuro político de Zelensky se torna cada vez mais incerto, o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, também tem sinalizado oposição à realização de eleições antes do fim do conflito. Outros líderes políticos, como Dmytro Razumkov, ex-líder do partido de Zelensky, já demonstram disposição para estabelecer um canal direto com Trump e sua equipe.
Pressão de Washington e riscos para Zelensky
A estratégia do governo Trump ficou ainda mais clara após a Casa Branca suspender temporariamente a ajuda militar a Kiev. O presidente norte-americano, em declarações recentes, sugeriu que Zelensky "não estará por muito tempo" no poder caso não aceite os termos de Washington para um acordo de paz. O conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, reforçou essa posição ao afirmar que os EUA precisam de "um líder que possa lidar conosco, eventualmente lidar com os russos e encerrar esta guerra".
Diante desse cenário, políticos ucranianos têm intensificado seus esforços para se aproximar de Trump. Como aponta o analista político ucraniano Ruslan Bortnik ao Politico, "as elites estão desorientadas e chocadas, pois entendem que, sem o apoio dos EUA, a Ucrânia será derrotada". Segundo ele, as movimentações nos bastidores visam garantir que Kiev mantenha boas relações com Washington, mesmo que isso signifique mudanças na liderança do país.
O próprio Zelensky parece perceber que sua posição está sob ameaça. Durante uma viagem recente a Londres, ele ironizou as especulações sobre sua saída do cargo, dizendo que "teriam que impedir" sua participação em qualquer eleição. No entanto, em um tom mais sério, itiu que lamenta o tom agressivo adotado em sua última reunião com Trump e que está disposto a buscar um entendimento com o presidente norte-americano.
O cenário político na Ucrânia segue fluido, e os próximos meses serão cruciais para definir o futuro de Zelensky e da própria guerra. Com aliados internos buscando novas alianças e Trump pressionando por mudanças, a estabilidade do governo ucraniano nunca esteve tão ameaçada.
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