Acordo entre EUA e China depende de respeito mútuo e cooperação real, afirma editorial do Global Times
“Grande acordo” só será possível com igualdade e benefício mútuo
247 - Um editorial do jornal Global Times respondeu às recentes declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, e de seu secretário do Tesouro, Scott Bessent, sobre uma possível reaproximação econômica entre Washington e Pequim. O texto cobra uma mudança de atitude do governo norte-americano, afirmando que um "grande acordo" entre as duas maiores economias do mundo só será viável com base no respeito mútuo e na coexistência pacífica.
Na terça-feira, Trump declarou a jornalistas que considera a tarifa de 145% sobre produtos chineses “muito alta” e prometeu reduzi-la substancialmente “assim que um acordo for alcançado”. O presidente norte-americano disse ainda que pretende “viver junto com a China com muita alegria e, idealmente, trabalhar juntos”. Antes disso, Bessent havia afirmado que “a guerra comercial com a China é insustentável” e previu que o conflito tarifário “se acalmará em um futuro muito próximo”.
As declarações provocaram reação imediata do Ministério das Relações Exteriores da China. “Se uma solução negociada é realmente o que os EUA desejam, devem parar de ameaçar e chantagear a China e buscar um diálogo baseado em igualdade, respeito e benefício mútuo”, afirmou o órgão, reiterando a disposição do governo chinês em negociar, mas criticando o uso de sanções como instrumento de pressão.
Segundo o editorial, a guerra tarifária iniciada por Washington está provocando turbulência econômica crescente, afetando tanto os EUA quanto a estabilidade global. O Global Times cita estudo do Instituto Peterson de Economia Internacional, que projeta uma desaceleração do crescimento americano de 2,5% para apenas 0,1% em 2025. Também menciona que setores inteiros da economia, como agricultura, manufatura, varejo e tecnologia, têm pressionado a Casa Branca por uma reversão das medidas protecionistas.
A resposta do mercado financeiro às declarações de Trump foi imediata: os principais índices de ações nos EUA registraram sua melhor performance em duas semanas, e os mercados europeus e asiáticos seguiram a tendência de alta. Para o Global Times, isso revela que “a comunidade internacional quer ver cooperação – e não confronto – entre a China e os EUA”.
O editorial é enfático ao afirmar que “guerras tarifárias e comerciais não têm vencedores” e que “desvincular-se” é, na verdade, um ato de autoisolamento. “A história tem demonstrado repetidamente que o protecionismo não melhora a economia de um país”, diz o texto, que alerta para o risco de uma nova crise econômica global provocada por medidas unilaterais.
O jornal chinês reconhece que, devido à complexidade e magnitude das relações comerciais sino-americanas, divergências são inevitáveis. No entanto, enfatiza que tais diferenças devem ser tratadas com base em diálogo sincero, gestão prudente de conflitos e espírito de benefício mútuo. “A chave está em respeitar os interesses essenciais e as principais preocupações de cada um.”
O Global Times também critica a incoerência do discurso dos EUA, que ao mesmo tempo fala em acordo e intensifica sanções: “Dizer uma coisa e fazer outra, pressionando enquanto fala de diálogo, não é a maneira correta de se envolver com a China – e simplesmente não funcionará”.
Ao tratar da proposta americana de um “grande acordo”, o editorial argumenta que isso só será possível se os dois países se comprometerem com os princípios da diplomacia de grandes potências: respeito mútuo, benefício recíproco e responsabilidade internacional. “Este é o tipo de ‘grande acordo’ que o mundo realmente espera ver, e é a direção na qual China e EUA devem trabalhar juntos.”
A publicação lembra ainda que ambos os países têm papel central nas estruturas multilaterais que regem o comércio global. “As relações econômicas e comerciais entre China e EUA têm impacto significativo na estabilidade econômica e no desenvolvimento globais”, afirma.
O texto conclui com um provérbio chinês: “Não apenas ouvimos o que alguém diz, mas também observamos o que alguém faz”. Em tom de advertência, o Global Times destaca que a China está pronta para negociar, mas que espera sinceridade e reciprocidade dos Estados Unidos. “É preciso caminhar na mesma direção, para que ambos possam abordar suas respectivas preocupações por meio de consulta em pé de igualdade.”
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