Júri do acusado de matar o ator Rafael Miguel e os pais dele entra no segundo dia de depoimentos

247 - O julgamento do empresário Paulo Cupertino, acusado de matar o ator Rafael Miguel e os pais do jovem, João Alcisio Miguel e Miriam Selma Miguel, avança para o segundo dia nesta sexta-feira (30), no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo. As informações são do g1.

Cupertino é réu por triplo homicídio duplamente qualificado, com agravantes de motivo fútil e uso de recurso que impediu a defesa das vítimas. Preso preventivamente desde 2022, ele foi interrogado já no primeiro dia do júri popular, nesta quinta-feira (29), e negou os crimes. Outros dois réus, acusados de ajudá-lo a fugir, também prestaram depoimento, além de sete testemunhas, entre elas a filha e a ex-esposa do empresário.

Durante o interrogatório, Cupertino afirmou: “Impossível eu ter cometido esse crime. Não tinha motivo, nunca existiu crime premeditado”. O réu se mostrou exaltado em alguns momentos e chegou a ser interrompido por sua defesa. Ele respondeu apenas às perguntas feitas por suas advogadas e recusou-se a falar com o Ministério Público.A acusação sustenta que Cupertino cometeu o crime motivado pelo inconformismo com o relacionamento da filha, Isabela Tibcherani, com Rafael Miguel. O ator tinha 22 anos e Isabela, 18. O triplo homicídio ocorreu em junho de 2019. Câmeras de segurança registraram a ação e a fuga do autor dos disparos.Isabela, primeira testemunha ouvida, descreveu o pai como controlador e agressivo. Disse que foi privada de sair de casa e teve o celular confiscado por quase oito meses, após o pai descobrir o namoro com Rafael. Emocionada, afirmou: “Ele ou a me prender mais e isolar mais ainda. Tirou meu celular. Fiquei sem contato com mais ninguém”.Sobre o dia do crime, relatou: “Eu estava chorando e precisava vê-lo. Saí de casa escondida. Quando encontrei Rafael, aconteceu a tragédia”. Questionada se desejava a prisão do pai, respondeu que sim. Chorando, afirmou que preferia viver reclusa e revelou que o pai tratava a família como “um pet”.

Vanessa Tibcherani, ex-esposa de Cupertino, também prestou depoimento e relatou um histórico de violência doméstica: “Ele cortou minha roupa toda com um facão. Ele cortava e me batia”. Disse ainda que perdeu empregos por aparecer ferida no trabalho e confirmou que o empresário andava armado.

Outra testemunha, Camila Miguel, irmã de Rafael, contou que o irmão estava mais triste nos últimos tempos por causa do relacionamento com Isabela. Disse que a família temia mais pela jovem do que por Rafael, pela severidade de Cupertino. Foi Camila quem deu a notícia da morte dos pais à irmã mais nova, na época com apenas 13 anos.

Maria Quitéria de Oliveira, também ex-companheira de Cupertino, afirmou que o empresário era “seco e exigente”, mas negou agressões físicas durante o relacionamento.

Após o interrogatório de Cupertino, dois outros réus prestaram depoimento. Wanderley Antunes declarou que ajudou Cupertino a fugir após o crime, por não saber da gravidade do que havia ocorrido. “Amigo não faz o que ele faz comigo. Não consigo fazer mais nada, minha vida virou um inferno. Paulo mentiu pra mim”, desabafou. Ele contou que Cupertino apareceu em Sorocaba dizendo apenas que “deu uns tiros”.

Eduardo José Machado, o terceiro réu, é acusado de ajudar na fuga ao rear R$ 5 mil, valor que, segundo ele, seria usado para custear um advogado. Negou que tenha financiado a fuga ou encontrado pessoalmente os outros envolvidos.O júri é presidido pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza e composto por sete jurados – quatro homens e três mulheres. O julgamento segue sem previsão de término, com novas oitivas programadas para os próximos dias.Paulo Cupertino foi preso em 2022, após ar quase três anos foragido, escondido com identidade falsa em um hotel em São Paulo. O ator Rafael Miguel era conhecido por trabalhos em novelas como Chiquititas, Pé na Jaca e Cama de Gato, além de comerciais televisivos de grande sucesso.