"O capitalismo é exterminador de vidas", diz Stepan Nercessian
Ator relata formação política durante a ditadura e critica a normalização da desigualdade no Brasil
247 – Durante entrevista concedida a Hildegard Angel, na TV 247, Stepan Nercessian detalhou como a sua formação pessoal foi profundamente marcada pelo ambiente político e social do Brasil dos anos 1960 e 1970. Em seu relato, o ator afirmou que sua visão de mundo foi construída a partir da repressão vivida durante a ditadura militar e do ambiente de esperança promovido pelos movimentos populares da época.
Nascido em Goiânia, Stepan relembrou que seu pai, de origem armênia, construiu no quintal de casa um espaço que se tornou um ponto de encontro para a fundação de sindicatos de trabalhadores, como os dos gari, sapateiros e feirantes. Ali, segundo ele, florescia um movimento coletivo de alfabetização de adultos, inspirado pelas ideias de Paulo Freire. "Era um mutirão para construir um país", descreveu.
No entanto, a esperança daquela época foi substituída pela violência e pelo medo durante a repressão militar. Stepan relatou invasões à sua casa e prisões de sua irmã, Armênia Nercessian, durante o regime. "A ditadura era a morte invadindo a vida", afirmou, acrescentando que, para ele, a luta pela democracia e pelo socialismo representa a defesa da vida.
O ator também expôs uma crítica contundente ao sistema capitalista contemporâneo. Em suas palavras, "o capitalismo é exterminador de vidas, exterminador de famílias, exterminador de culturas". Stepan avaliou que a lógica atual promove a exclusão social e impõe um padrão de sucesso que desumaniza os indivíduos. "Hoje, você não pode mais ser pobre. Se for, é tratado como um ser descartável", disse.
Segundo Stepan, a transformação do mercado de trabalho e o aumento da desigualdade aprofundaram a sensação de desesperança no país. Ele destacou que o discurso do empreendedorismo individualista é utilizado para culpabilizar as pessoas pela própria miséria, enquanto serviços básicos como educação e saúde se tornam iníveis. "Eles obrigam as pessoas a terem tudo, a consumir tudo, sem que os salários acompanhem", criticou.
O ator, que também teve agem pela política institucional como vereador e deputado federal, refletiu ainda sobre a precariedade da educação política no Brasil. Para ele, a falta de ensino sobre o funcionamento do sistema político contribui para o afastamento da população dos debates públicos e reforça a alienação.
Ao longo da entrevista, Stepan reiterou que sua visão permanece a mesma desde a juventude: a defesa da solidariedade, da dignidade humana e da construção coletiva de um país mais justo. "A essência da vida nunca me abandonou", concluiu. Assista:
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