Tebet destaca planejamento de longo prazo do governo Lula: 'foco é o Brasil de 2050'

247 - Em entrevista ao programa Bom Dia 247, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, defendeu os resultados econômicos alcançados pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde 2023 e abordou, em detalhes, os desafios para cumprir a meta de superávit primário no próximo ano. Ela destacou a importância da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) como norte das políticas públicas e apontou a recuperação de dívidas como uma das principais ferramentas para garantir o equilíbrio fiscal.

“A LDO é uma estimativa. Ninguém tem bola de cristal, mas tudo é feito neste governo com base em evidências, com base na ciência, com base em dados. Ninguém sai dando tiro por aí ou chutando”, disse Tebet, ao comentar os parâmetros da proposta que prevê superávit primário de 0,25% do PIB em 2025, com crescimento projetado de 2,5% e inflação de 3,5%.

Segundo a ministra, apesar da instabilidade econômica global, o governo tem como objetivo manter a responsabilidade fiscal sem abrir mão das políticas públicas. “Se nada disso se apresentar, nós temos condições, sim, de, na pior das hipóteses, chegar com meta zero até o final do ano. E, obviamente, fazendo o dever de casa como estamos fazendo.”

Para cumprir a meta, o governo aposta na recuperação de valores inscritos na dívida ativa da União. Tebet citou a transação tributária aprovada em 2020, quando era senadora, que já permitiu a arrecadação de bilhões de reais. “Só com isso nós conseguimos transacionar algo em torno de R$ 800 bilhões, valor cheio, que com os descontos deram algo em torno de R$ 450 bilhões ao longo de 5 a 6 anos. No ano ado, conseguimos arrecadar mais de R$ 40 bilhões com dívidas que estavam perdidas.”

A ministra apontou que essa estratégia permite reforçar o caixa do governo sem elevar impostos. “Entraram recursos com os cofres públicos que estavam perdidos. São dívidas que muitas vezes comerciantes, empresários, setor produtivo, a sociedade de modo geral, não conseguiam pagar. Com os descontos, essas pessoas disseram: ‘Eu quero pagar’.”

Ela também chamou atenção para a subestimação recorrente da economia brasileira. “Todo mundo erra nas projeções do crescimento. O mercado erra, os jornalistas erram, nós erramos, porque o Brasil precisa se reencontrar e se reconhecer. O Brasil não mais conhece o Brasil que tem. E tem um Brasil gigantesco em potencialidades que as pessoas não têm noção.”

Simone Tebet fez ainda uma avaliação política dos primeiros anos do atual mandato de Lula, reforçando que o governo herdou uma estrutura fiscal e istrativa devastada. “Eu não gosto de falar de herança maldita, mas eu gosto de falar de terra arrasada. O primeiro ano foi para arar a terra, o segundo ano de começar a semear e agora nós estamos no período da colheita.”

Ela concluiu afirmando que o planejamento de médio e longo prazo segue como uma das prioridades do governo federal. “Nós estamos planejando o Brasil de 2050. E uma das formas de evitar uma nova reforma da previdência é garantir que as contas públicas estejam organizadas desde já.” Assista: