“Nos governos de extrema direita, a violência policial não é um efeito colateral. É um programa", diz Altman
Jornalista aponta vínculo entre violência policial, precarização social e avanço da extrema direita nas democracias capitalistas
247 - Durante participação no Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman relacionou o aumento da violência policial no Brasil e em outros países a um modelo econômico e político que, segundo ele, marginaliza a população pobre e negra ao mesmo tempo em que fortalece a repressão como ferramenta de controle social. A análise partiu da lembrança do assassinato de George Floyd, ocorrido há cinco anos nos Estados Unidos, e da persistência da brutalidade policial mesmo após a comoção global gerada pelo caso.
“A violência policial não é apenas, nem principalmente, decorrente de polícias violentas. Ela é produto do mundo em que a gente vive”, afirmou Altman. Para ele, o crescimento da repressão está diretamente ligado a transformações econômicas profundas: “É um mundo de precarização, em que os jovens têm cada vez menos oportunidades, em que as oportunidades oferecidas pelo tráfico de drogas são muito superiores às oferecidas pela economia formal.”
Segundo o jornalista, a intensificação do individualismo, do consumismo e da desigualdade cria um ambiente propício à exclusão social, que empurra parte da população para o crime. “O crime é uma forma de rebelião individual contra as condições de vida. A polícia atua para conter essa rebelião”, declarou.
Altman destacou que, nesse cenário, a resposta das elites tem sido ampliar os mecanismos de coerção. “As burguesias do mundo estão substituindo comida por polícia, estão substituindo emprego por polícia, estão substituindo desenvolvimento por polícia. Isso acontece com maior ou menor intensidade em diversos países, inclusive no Brasil.”
A atuação da extrema direita, segundo ele, reforça esse modelo. “Nos governos de extrema direita, a violência policial não é um efeito colateral. É um programa. A polícia violenta é parte essencial da forma como esses governos istram o Estado.”
Ele citou os exemplos dos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump, reeleito em 2025, e do estado de São Paulo sob gestão de Tarcísio de Freitas. “Trump está empoderando a polícia. O mesmo ocorre aqui com Tarcísio. A violência contra os pobres, contra os negros, é parte constitutiva da forma como a burguesia dirige o Estado. Eles precisam manter sob estrito controle os setores populares.”
Para Altman, a repressão cresce à medida que o sistema deixa de oferecer perspectivas de inclusão social e a a operar predominantemente por meio do medo. “O crime é consequência do desmantelamento dos serviços públicos, da precarização da vida. E a polícia, em vez de proteger, cumpre o papel de repressão a esses que foram empurrados à margem.”
A crítica se estende à ausência de reformas estruturais. Ele lembrou que, mesmo após o assassinato de George Floyd, nenhuma mudança profunda foi feita no aparato policial nos Estados Unidos. “A polícia norte-americana não foi reformada por Biden, e muito menos será por Trump”, disse.
Encerrando sua análise, Breno Altman reforçou a necessidade de compreender a violência não apenas como um problema de segurança, mas como uma expressão de um modelo de sociedade desigual. “É preciso mudar as estruturas que geram essa violência. Sem isso, continuaremos apenas gerenciando a barbárie.” Assista:
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