“Israel só vai parar de matar se sofrer sanções duras”, diz Reginaldo Nasser
Professor critica cumplicidade internacional diante da destruição em Gaza e cobra ação coletiva liderada pelo Brasil e países do Sul Global
247 - Durante entrevista ao programa Boa Noite 247, o professor de Relações Internacionais Reginaldo Nasser afirmou que Israel só interromperá os ataques e a destruição em Gaza se for alvo de sanções efetivas por parte da comunidade internacional. A fala integra uma crítica mais ampla à inação dos governos diante da escalada de violência e das mortes provocadas pelas forças israelenses na região.
“Israel continua gozando de liberdade para matar, porque se não tiver uma medida dura, eles não vão parar”, declarou Nasser, apontando o que considera ser uma incoerência entre os discursos públicos dos governos ocidentais e suas ações concretas. “Eles falam duro e agem suavemente. Falam duro para justificar para a opinião pública e dizer que reprovam o Netanyahu, mas não fazem nada.”
O professor destacou que, apesar do crescimento das manifestações populares de repúdio à ofensiva israelense — como as registradas em jogos de futebol na Europa —, essa mobilização não se reflete nas decisões estatais. “Há uma lógica que existe há muitos anos em relação à Palestina: é inversamente proporcional a cumplicidade dos governos e a manifestação nas ruas”, disse.
Na avaliação de Nasser, o Brasil deveria assumir uma posição mais firme e articular uma frente diplomática com outros países, como os membros do Brics e nações latino-americanas, para pressionar coletivamente por um cessar-fogo. “Não dá para o Lula continuar falando que é genocídio e, ao mesmo tempo, manter relações normais com Israel. Está ficando um disparate isso”, afirmou.
Ele relembrou que o governo brasileiro suspendeu, em um gesto ainda tímido, a compra de equipamentos militares de Israel, mas essa decisão “ainda não é definitiva” e enfrenta resistências internas. “O próprio ministro da Defesa fez um discurso que parecia de outro país, criticando o governo por atrapalhar os negócios. E ficou por isso mesmo.”
Ao abordar as dificuldades de construir uma articulação mais ampla, Nasser mencionou os entraves dentro do próprio bloco Brics. “Israel tem bom relacionamento com muitos deles, especialmente com a Índia, então não é fácil. Mas defendo que o Lula deveria tentar isso. Seria uma boa ação política.”
A resposta do professor também incluiu uma análise crítica à postura dos países árabes em relação à questão palestina. “Os países árabes são os maiores traidores do mundo. Pergunta para qualquer palestino o que eles acham dos governos árabes”, disse, ao reforçar a ideia de que a população desses países apoia a causa palestina, mas suas elites governantes mantêm alianças estratégicas com Israel.
Nasser finalizou sua avaliação alertando para a intensificação de uma política de morte indireta na Faixa de Gaza. “Diminuiu o ritmo de mortes diretas, mas aumentou a destruição de infraestrutura, a privação de alimentos e de água. É uma morte crônica, lenta. Morte por falta de remédio, por doença, por falta de alimento.” Assista:
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