“Demissão de Lupi é ruim e Lula caminha no fio da navalha”, diz Breno Altman
Para Breno Altman, decisão põe em risco estabilidade política da base aliada
247 - Durante sua participação no programa Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman afirmou que a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social representa “um dos fatos políticos mais relevantes das últimas semanas” e sinaliza uma inflexão delicada nas relações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com sua base aliada no Congresso Nacional, em especial com o PDT. “A demissão de Lupi é ruim e Lula caminha no fio da navalha”, declarou.
Altman ponderou que o governo enfrentava duas pressões contraditórias em relação à permanência de Lupi. De um lado, havia o desgaste crescente na imagem do ex-ministro, apontado como figura associada ao escândalo de fraudes nos descontos de aposentadorias e pensões do INSS, investigado pela Polícia Federal. “Cada dia que Lupi permanecia no governo, era um dia mais de desgaste para o próprio presidente Lula”, afirmou. De outro, a retirada do pedetista da pasta trazia o risco de ruptura com um partido que, apesar de sua pequena bancada, vinha apoiando as pautas do Planalto em votações estratégicas.
Para tentar conciliar os dois vetores, Lula optou por nomear Wolney Queiroz, então secretário-executivo da Previdência e também integrante do PDT, para assumir o ministério. A decisão, segundo Breno Altman, seguiu a lógica característica do presidente de encontrar soluções intermediárias: “Lupi saiu do governo e o ministério ou a ser comandado por outro quadro do PDT. Parece até o momento ser uma solução que resolve os dois termos com os quais teve que lidar o presidente Lula”.
Contudo, Altman ressaltou que o problema político permanece latente. “Eu não acredito que o problema esteja morto. Acho que ele está, por hora, equacionado”, avaliou. Segundo ele, a troca no comando do ministério não satisfez os setores do PDT mais ligados a Ciro Gomes. “A imprensa de direita tenta envolver o novo ministro da Previdência nas investigações em curso, tenta desgastá-lo, tenta fazer com que esse novo ministro também seja um problema para o governo”, explicou.
Altman destacou ainda o cálculo político das forças conservadoras que, segundo ele, têm interesse em fragmentar a atual coalizão governista e fomentar uma candidatura de centro-esquerda alternativa a Lula para 2026. “A direita quer provocar uma crise do governo com o PDT para que o PDT saia do governo e a situação do governo fique ainda mais instável”, disse. Segundo ele, isso abriria espaço para que o PDT ou o PSB deixassem a base aliada e apoiassem uma outra candidatura presidencial fora do campo petista.
Ao final, Altman avaliou que Lula agiu com habilidade ao evitar um rompimento imediato com o PDT, mas advertiu que o episódio revelou os limites e as tensões da coalizão. “O presidente anda contando grãos. Ele tem uma situação no parlamento na qual precisa contar com os votos dos partidos do chamado campo progressista. Sem os votos do PDT, a situação se fragiliza ainda mais”, alertou. Assista:
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