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      Leonardo Attuch

      Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

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      O caso Alysson Mascaro e o cancelamento como a forma mais vil de ação da extrema-direita internacional

      Ao pretender ass moralmente e até fisicamente seus alvos, o cancelamento é um dos principais instrumentos de dominação da máquina imperialista

      Alysson Mascaro e Leonardo Attuch (Foto: Nicolas Iwashita)

      Entrevistar Alysson Mascaro na TV 247 nesta semana foi um marco na minha trajetória como jornalista. Mascaro detalhou, com franqueza e coragem, o ataque brutal de que foi vítima: uma campanha de cancelamento e de assassinato moral orquestrada pelo site estadunidense The Intercept, que, apesar de se apresentar ao público como progressista, age como instrumento da extrema-direita global. Não por acaso, os principais alvos recentes de cancelamentos promovidos por meios "progressistas associados ao imperialismo", o que representa uma óbvia contradição, têm sido intelectuais de esquerda, como Silvio Almeida, Boaventura Sousa Santos e o próprio Mascaro.

      A vilania, no caso Mascaro, atingiu sua expressão mais cruel e envolveu os ingredientes de sempre: acusações sem provas, negação do direito de defesa, intimidação a potenciais apoiadores e uma condenação midiática sumária que poderá provocar até a sua expulsão da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – justamente aquela que deveria ser a mais interessada em zelar pelas garantias individuais e constitucionais.

      Mascaro foi desenhado como alvo muito antes da execução do crime. Foi, como ele mesmo definiu, caçado por perfis anônimos para que depois pudesse vir a ser cassado pela universidade à qual dedicou a maior parte de sua vida. Foi acusado por meio de insinuações anônimas e moralismo hipócrita – o mesmo expediente que historicamente serviu às piores formas de perseguição política e social, como ocorreu, por exemplo, com Julian Assange, um dos principais alvos do imperialismo, que também foi alvo de acusações de natureza sexual antes de ser encarcerado. Neste sábado, Assange foi ao Vaticano para se despedir do Papa Francisco e agradecer pela solidariedade que recebeu contra a máquina de destruição do imperialismo.

      No caso de Alysson Mascaro, o objetivo era sua morte moral e política, mas poderia ter sido também sua morte física, como aconteceu com o ex-reitor Luiz Carlos Cancellier. Quem se importaria? Se Mascaro, ao invés de resistir tivesse tirado a própria vida, os carrascos, os algozes, os covardes e todos aqueles que se calaram teriam lavado as próprias mãos. Diriam que o professor da USP não teria ado a própria desonra. 

      Mas a grande vitória de Mascaro, para a História, está na sua pedagógica resistência. Ele sobreviveu à máquina de destruição da extrema-direita, refletiu sobre o preço cobrado pelas ideias revolucionárias e pôde vivenciar o melhor e o pior da natureza humana, ao assistir à sua própria morte simbólica. A comparação feita por ele com o caso da Escola Base é precisa: trata-se da produção de uma tragédia fabricada pela irresponsabilidade, pelo ressentimento, pela competição acadêmica e pelo ódio. Uma tragédia que foi potencializada pelo alcance das redes sociais e pela ação deliberada de agressores travestidos de jornalistas.

      O The Intercept revelou, nesse episódio, sua verdadeira natureza: a de um operador consciente de uma das armas mais agressivas da máquina imperialista contemporânea: o cancelamento. Ao dar voz a acusações anônimas, sem provas e sem respeito ao contraditório, o site posicionou-se como agente relevante da extrema-direita internacional, atuando para destruir a crítica marxista e a intelectualidade de uma esquerda verdadeiramente revolucionária e, portanto, não compatível com o imperialismo.

      O cancelamento, como lembrou Mascaro, é hoje uma das principais formas de lawfare: uma forma moderna de perseguição política que substitui a Justiça pelo tribunal das redes, a sentença formal pela execração pública. E todo comunicador, influenciador ou intelectual que reproduz esse mecanismo, ainda que se diga progressista, atua, na prática, como agente da extrema-direita – na melhor das hipóteses, como inocente útil.

      Além disso, a violência do cancelamento não atinge apenas o indivíduo aniquilado. É também uma forma de controle social. O cancelamento tenta paralisar todos que ousam pensar, escrever, ensinar e transformar a realidade. Ao atacar Mascaro, buscava-se mais do que silenciar um professor: pretendia-se advertir toda a esquerda crítica de que nenhum pensamento verdadeiramente libertário seria tolerado.

      Mascaro, no entanto, resistiu. "Pelo resto da vida, eu me devotarei a derrotar a indústria do cancelamento", afirmou. Sua travessia dolorosa marca um ponto de inflexão. A partir do seu caso, torna-se ainda mais claro que combater a cultura do cancelamento é lutar pela preservação da crítica, da diferença e da liberdade.

      Se a sociedade permitir que farsantes continuem a agir impunemente, grandes pensadores serão aniquilados ou afastados da vida pública e muito menor será a possibilidade de resistência real ao avanço da barbárie. A resistência de Alysson Mascaro é a prova de que, enquanto houver coragem para enfrentar o medo, a infâmia e a covardia, haverá esperança. É preciso união contra o moralismo hipócrita, contra o linchamento, contra a máquina de cancelamento – e contra todos aqueles que, sob falsas bandeiras, servem à extrema-direita global.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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