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      “A meta de inflação de 3% é absurda”, diz Guido Mantega

      Mantega critica Conselho Monetário Nacional por manter meta irreal e afirma que política monetária herdada de Bolsonaro deixou país em “camisa de força”

      (Foto: Divulgação)
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      247 - Durante participação no programa Boa Noite 247, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega criticou duramente a meta de inflação de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional e mantida pelo atual governo. Segundo ele, esse parâmetro é impraticável para a realidade brasileira e compromete a gestão da política monetária, forçando a manutenção de taxas de juros reais extremamente elevadas.

      “Essa meta é absurda”, afirmou Mantega. “A meta realista é aquela que nós trabalhávamos nos governos Lula. Eu nunca deixei o centro da meta ar de 4,5% e ainda havia 2% de tolerância. O Brasil dificilmente consegue uma inflação tão baixa porque a economia é toda indexada.”

      Para o ex-ministro, o erro começou ainda na gestão anterior, mas foi mantido no início do atual governo. “Essa meta de 3% já tinha sido estabelecida lá atrás, acho que com o Ilan. Eu não sei por que o Conselho Monetário Nacional no início desse governo não reviu isso. Imagino que tenha sido uma concessão, porque o governo começou fraco, com a política monetária ainda sob controle de Bolsonaro”, argumentou.

      Segundo Mantega, a inflação no Brasil está mais relacionada a choques de oferta e variações cambiais do que à demanda interna. Por isso, uma meta muito baixa não apenas se torna inalcançável, como também leva à imposição de juros elevados que sufocam a economia. “Você teria que desindexar essa economia para ter uma inflação menor”, disse. “A dívida brasileira, diferentemente de outros países, é em grande parte indexada à inflação. Então, o pessoal só ganha.”

      O ex-ministro comparou a situação brasileira com a de outras economias, destacando que o país possui condições robustas que não justificam medidas tão restritivas. “Nós temos 350 bilhões de dólares em reservas e uma dívida externa baixa. As contas externas estão ótimas. E a dívida interna, 90% está em reais. Só 10% dos nossos títulos públicos estão nas mãos de estrangeiros.”

      Mantega apontou ainda que a manutenção do juro real em 10% ao ano é incompatível com uma inflação projetada em torno de 5%. “É um dos menores índices inflacionários que tivemos em 30 anos. Esse juro é obsceno”, afirmou. Ele lembrou que, em governos anteriores, foi possível manter a inflação sob controle com juro real de apenas 1,5%. “Isso eram outras condições, é claro. Mas provamos que é possível.”

      Ele classificou a situação atual como uma “camisa de força” herdada da istração de Jair Bolsonaro e do ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “Foi deixada uma política monetária maldita. Campos Neto levou o câmbio a 6,2, dizendo que não iria intervir e que o governo estava gastando demais. Criou ele mesmo as condições para uma inflação de câmbio.”

      Ao criticar a estrutura atual da política monetária, Mantega reforçou que o problema central não é a inflação em si, mas o parâmetro adotado como referência. “Nos 27 anos de metas, a inflação média foi de 6,3%, com meta fixada em 4,5%. A de agora só está alta em relação à meta baixa, mas não para a realidade histórica do país.”

      Para ele, o caminho para reverter essa situação a por uma revisão da meta inflacionária e pela desindexação de partes da economia. “O Brasil é um país financeirizado de maneira atrasada. Com juro alto, isso só faz enriquecer a Faria Lima, que vai faturar 1 trilhão de reais com os juros da dívida neste ano. Com jeito, a gente consegue reduzir isso. Mas a correlação de forças hoje não é favorável como já foi no ado.” Assista: 

       

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