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      EUA: Fed deve manter taxa de juros apesar de tarifaço afetar perspectivas econômicas

      Economistas preveem cortes somente a partir de julho, enquanto o presidente Trump pressiona por juros mais baixos, e tarifas elevam incertezas

      Presidente dos EUA, Donald Trump, observa o chair do Fed, Jerome Powell 02/11/2017 (Foto: REUTERS/Carlos Barria)
      Luis Mauro Filho avatar
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      Reuters - O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, deverá manter inalteradas as taxas de juros em sua reunião desta quarta-feira (7). No entanto, o encontro pode marcar a última decisão “tranquila” do tipo, em meio à crescente instabilidade econômica provocada pelas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.

      A aplicação errática das tarifas mais severas em um século por Trump afetou negativamente o ânimo de consumidores e empresários, pressionou a indústria manufatureira e desencadeou uma corrida para antecipar importações. Esse movimento foi tão intenso que a economia norte-americana registrou uma inesperada retração do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre.

      Grandes corporações, como McDonald’s, General Motors e Apple, alertaram para fortes impactos negativos nos lucros, diante da alta dos custos de importação e da consequente retração do consumo. Empresas aéreas como a Delta Airlines, por sua vez, chegaram a suspender suas projeções financeiras.

      Para os formuladores de política monetária do Fed, as tarifas tendem a gerar inflação e aumento do desemprego. Entretanto, a intensidade e duração desses efeitos ainda são incertas. Embora o PIB dos EUA tenha caído 0,3% em termos anualizados no trimestre ado, os gastos dos consumidores mantiveram um ritmo razoável de crescimento, de 1,8%. O relatório de empregos do Departamento do Trabalho, divulgado na sexta-feira anterior, apontou a criação de 177 mil vagas em abril — cerca de 40 mil a mais que o previsto — e a taxa de desemprego permaneceu em 4,2%.

      As novas projeções trimestrais do Fed serão divulgadas apenas em junho. Por isso, os investidores aguardam ansiosamente a coletiva de imprensa do presidente da instituição, Jerome Powell, ao fim do encontro desta semana, na expectativa de pistas sobre os próximos os da política monetária.

      A taxa de juros básica está mantida entre 4,25% e 4,50% desde dezembro ado. As projeções feitas em março indicavam dois cortes de juros em 2025, mas esse cenário parece desatualizado diante da avalanche de notícias sobre tarifas, incluindo o pacote anunciado em 2 de abril por Trump — batizado de “Dia da Libertação” —, seguido por uma suspensão parcial e, depois, pela imposição de tarifas de até 145% sobre produtos chineses.

      Em declarações anteriores, Powell afirmou que deseja ter “certeza” de que um eventual aumento temporário nos preços provocado pelas tarifas não se tornará um problema inflacionário persistente. A manutenção da solidez do mercado de trabalho dá margem para essa cautela.

      “Quando é que os formuladores de política têm certeza de alguma coisa?”, questiona Derek Tang, economista da consultoria LHMeyer. “’Certeza’ parece um critério alto, o que indica uma prioridade maior no controle da inflação”, completou.

      Tang observa que o cenário pode mudar rapidamente se o mercado de trabalho der sinais de enfraquecimento, o que obrigaria o Fed a ponderar entre conter a inflação e cumprir seu mandato de garantir o pleno emprego. Por ora, a LHMeyer não prevê nenhum corte de juros em 2025.

      Autonomia do Fed em jogo

      A maioria dos economistas projeta que o Fed só comece a reduzir os juros em 2025, talvez a partir do verão no hemisfério norte, quando os sinais de desaquecimento do mercado de trabalho forem mais evidentes. Após o relatório de empregos de abril, analistas do Barclays indicaram que o primeiro corte deve ocorrer em julho, o que permitiria maior clareza sobre os rumos das tarifas e um eventual pacote de cortes de impostos apoiado pelos republicanos.

      As apostas nos mercados financeiros também se deslocaram para prever o início dos cortes em julho, com mais duas reduções até o fim do ano. “O Fed está em uma posição delicada”, avalia Nancy Vanden Houten, economista sênior da Oxford Economics. Ela estima que a economia enfrentará uma “fraqueza real” nos próximos meses e que o banco central poderá ter de lidar com uma inflação crescente e com o risco de desancoragem das expectativas inflacionárias.

      Para Vanden Houten e sua equipe, a redução nos juros só ocorrerá em dezembro. “Eles parecem estar mais distantes de alcançar sua meta de inflação. Enquanto o mercado de trabalho resistir, devem manter a postura atual”, afirmou.

      O diretor do Fed, Christopher Waller, já traçou dois cenários possíveis: cortes graduais nas taxas caso as tarifas sejam reduzidas, ou cortes mais agressivos caso os encargos se mantenham elevados. Segundo ele, uma elevação de mais de 0,1 ponto percentual na taxa de desemprego em um único mês seria um gatilho para uma ação mais rápida da autoridade monetária. Em sua análise, os efeitos das tarifas sobre a inflação seriam provavelmente ageiros.

      Apesar dessas sinalizações, economistas não acreditam que Powell será tão específico nesta semana sobre os planos do Comitê Federal de Mercado Aberto. “Esperamos que a principal mensagem da coletiva de Powell seja de que o Comitê está bem posicionado para aguardar maior clareza antes de mudar sua política”, escreveu Michael Feroli, economista-chefe do J.P. Morgan.

      Essa paciência, no entanto, não agrada à Casa Branca. A decisão do Fed de manter os juros tem sido alvo de críticas do presidente Trump, que insiste em juros mais baixos. “NÃO HÁ INFLAÇÃO, O FED DEVERIA REDUZIR SUA TAXA!!!”, publicou Trump na rede Truth Social após a divulgação do relatório de empregos.

      De fato, as leituras recentes de inflação têm sido moderadas. No entanto, tanto integrantes do Fed quanto analistas do setor privado projetam uma retomada da pressão inflacionária nos próximos meses, em função dos aumentos de preços induzidos pelas tarifas. Mesmo após cogitar a demissão de Powell, Trump afirmou que não pretende afastá-lo. O mandato de Powell se encerra dentro de cerca de um ano, e o próprio presidente do Fed afirma que sua destituição seria ilegal. Duas ações em andamento na Suprema Corte dos EUA deverão definir se Trump tem autoridade para demitir membros do Fed.

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