PF investiga desvio de R$ 100 milhões na Universidade Estadual de Roraima e mira ex-reitor
Operação Cisne Negro revela suspeitas de corrupção, enriquecimento ilícito e organização criminosa envolvendo dirigentes
247 - A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (8) a Operação Cisne Negro, que investiga um esquema de corrupção e desvio de recursos públicos que teria causado um rombo superior a R$ 100 milhões nos cofres da Universidade Estadual de Roraima (UERR). Os principais alvos são o ex-reitor Regys Odlare Lima de Freitas e o atual reitor, Cláudio Travassos, que era vice-reitor à época dos fatos. As informações são do g1.
A investigação apura fraudes em contratos públicos de licitação que beneficiaram principalmente a empresa 3D Engenharia. Um dos casos sob análise envolve um contrato inicialmente firmado no valor de R$ 17 milhões, que foi posteriormente reajustado para cerca de R$ 100 milhões — aumento considerado injustificável pelos investigadores.
Segundo a PF, há indícios de que os desvios resultaram em enriquecimento ilícito dos envolvidos, o que configura a existência de uma organização criminosa.A ação desta semana é um desdobramento de outra operação deflagrada em 2023, quando foram encontrados R$ 3,2 milhões em dinheiro vivo escondidos em sacos de lixo. O montante seria usado para pagamento de propinas relacionadas ao mesmo esquema de corrupção na UERR.
Nesta nova fase, cerca de 50 agentes federais cumpriram 10 mandados de busca e apreensão, além de medidas de bloqueio de bens e valores. Uma das medidas cautelares impostas foi o uso de tornozeleira eletrônica por um dos investigados, cujo nome não foi divulgado.Durante as buscas, a PF apreendeu em propriedades do ex-reitor Regys Freitas dois carros de luxo, uma moto aquática, um avião, cerca de R$ 500 mil em relógios e 150 cabeças de gado.
Também foram localizados valores em espécie: mais de 4 mil euros, 6 mil dólares e R$ 7 mil na casa de um servidor da UERR, também investigado.A UERR confirmou, em nota oficial, que a Polícia Federal esteve no campus do bairro Canarinho, onde estão localizados os setores istrativos, para cumprir ordem judicial. A universidade afirmou que “entregou todos os documentos solicitados e colaborou integralmente com a Justiça”.
Regys Freitas, que ocupava até esta semana o cargo de controlador-geral do Estado de Roraima, foi exonerado logo após a operação. “O decreto de exoneração do referido servidor foi assinado nesta terça-feira, 08, e a devida publicação já está sendo providenciada”, informou o governo estadual.
Com doutorado em Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e agens como policial civil e advogado, Regys ocupou o cargo de reitor da UERR entre 2015 e 2023. Sua gestão foi marcada por episódios de autoritarismo e polêmicas, como a demissão da professora Ivanise Rizzatti e a suspensão de professores que participaram de manifestações dentro da instituição.
Além das acusações de corrupção, Regys também responde a denúncias de violência doméstica. Segundo consta, ele teria agredido, ameaçado e perseguido a ex-esposa, estudante de medicina. A Justiça concedeu medida protetiva que impede sua aproximação da vítima.O atual reitor Cláudio Travassos, que também figura entre os investigados, assumiu o comando da UERR após a saída de Regys, em um cenário já contaminado pelas suspeitas reveladas pela Operação Harpia — ação que antecedeu a atual e que também teve como alvo o esquema de propinas na universidade.
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