Desmatamento recua 32,4% no Brasil em 2024 e todos os biomas mostram queda ou estabilidade
Relatório da rede MapBiomas revela redução expressiva no cerrado e recuo de 24% em áreas indígenas
247 - Pela primeira vez em seis anos, todos os biomas brasileiros apresentaram redução ou estabilidade no desmatamento. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (15) pela rede MapBiomas, por meio do Relatório Anual do Desmatamento (RAD), que registrou uma queda de 32,4% na perda de vegetação nativa em 2024, em comparação com o ano anterior, informa a Folha de S. Paulo.
De acordo com o levantamento, a área desmatada no Brasil caiu de 1.836.749,3 hectares em 2023 para 1.242.079,1 hectares no ano ado. A retração representa um avanço significativo na contenção da degradação ambiental e reforça os esforços de fiscalização e controle em diversos estados.
Cerrado lidera desmate, mas redução é expressiva - O cerrado, embora tenha sido novamente o bioma mais afetado, teve a maior queda proporcional: 41,2% em relação ao ano anterior. Em 2024, foram desmatados 652.197 hectares de vegetação nativa nesse bioma, contra mais de 1,1 milhão em 2023. “É importante ressaltar essa queda de 41,2%, apesar de o cerrado continuar sendo o mais desmatado do país. Todos os estados do bioma tiveram redução em 2024, com exceção de São Paulo. O destaque é Goiás, que reduziu cerca de 72%, e Bahia com uma queda de 65%”, explicou Roberta Rocha, analista de pesquisa do MapBiomas.
A região do Matopiba — formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — concentrou 75% do desmatamento do cerrado e 42% da perda de vegetação nativa em todo o país. Ainda assim, todos os quatro estados registraram queda na área devastada.
Queda na Amazônia e em outros biomas - A Amazônia segue como o segundo bioma com maior perda florestal, com 377.708 hectares desmatados em 2024 — uma redução de 16,8% em relação ao ano anterior. Já a caatinga teve queda de 13,4%, com 174.511 hectares suprimidos, enquanto o pantanal registrou a maior redução proporcional: 58,6%, ando de 56.304 hectares em 2023 para 23.295 no último ano.
O pampa também apresentou desempenho positivo, com recuo de 42,1% na devastação: foram 896 hectares desmatados em 2024, frente a 1.547 no ano anterior.
Na Mata Atlântica, o desmatamento subiu cerca de 2%, ando de 13.212 hectares em 2023 para 13.472 hectares em 2024. Para o MapBiomas, o número representa estabilidade. A analista Natália Crusco destacou o impacto das mudanças climáticas nesse bioma: “O Rio Grande do Sul ou a ser o terceiro estado da Mata Atlântica que mais desmatou em 2024. Isso deve-se aos eventos climáticos extremos que aconteceram por lá, com os registros de alta precipitação de chuva, enchentes, deslizamentos e ventos fortes, que resultaram na perda de vegetação nativa".
Segundo o relatório, os desastres naturais foram responsáveis por 22% do desmatamento registrado na Mata Atlântica em 2024.
Terras indígenas e unidades de conservação também melhoram - As terras indígenas registraram uma redução de 24% na supressão de vegetação nativa, somando 15.938 hectares desmatados no ano ado — o equivalente a 1,3% do total nacional. As unidades de conservação também apresentaram melhora: a perda foi de 57.930 hectares, o que representa um recuo de 42,5% em relação a 2023. No caso das áreas de proteção integral, a queda foi ainda maior, de 57,9%, totalizando 4.577 hectares.
Maranhão lidera ranking estadual, apesar de recuo - Mesmo com uma queda de 34,3%, o Maranhão permaneceu como o estado com maior área desmatada no país, com 218.298,4 hectares. Em seguida, aparecem Pará (156.990 ha), Tocantins (153.310,5 ha), Piauí (142.871,2 ha) e Bahia (133.334,9 ha).
Pressão agropecuária e vetores regionais - Desde 2019, quando teve início a série histórica do MapBiomas, o Brasil perdeu 9.880.551 hectares de vegetação nativa — área equivalente ao território da Coreia do Sul. Desse total, 67% (ou 6.647.146 hectares) estão localizados na Amazônia Legal.
A pressão da agropecuária responde por mais de 97% de toda a devastação. Outros vetores têm peso variável conforme o bioma. O garimpo, por exemplo, responde por 99% do desmatamento registrado na Amazônia. Já os projetos de energia renovável concentram 93% das áreas suprimidas na caatinga. No cerrado, a expansão urbana é responsável por 45% da perda registrada em 2024.
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