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      Chris Hedges

      Jornalista vencedor do Pulitzer Prize (maior prêmio do jornalismo nos EUA), foi correspondente estrangeiro do New York Times, trabalhou para o The Dallas Morning News, The Christian Science Monitor e NPR.

      133 artigos

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      Os fascistas cristãos de Trump e a guerra contra a Palestina

      Extremistas cristãos nos EUA se unem a extremistas judeus em Israel não por religião, mas por um fascismo compartilhado

      Assassinem os Dóceis - Murder the Meek – arte de Mr. Fish (Foto: Mr. Fish)

      Originalmente publicado no Substack do autor em 10 de março de 2025

      Os nacionalistas cristãos que formam a base de apoio de Donald Trump — 80% votaram nele na última eleição, de acordo com uma pesquisa de eleitores da Associated Press — lançaram uma campanha coordenada pedindo que a Casa Branca apoie a anexação israelense da Cisjordânia e de Gaza.

      Essa campanha inclui visitas a Israel por líderes proeminentes, como Ralph Reed, Tony Perkins e Mario Bramnick, petições enviadas à Casa Branca, lobby no Congresso e apelos pela anexação em conferências cristãs, incluindo uma resolução de apoio à soberania israelense sobre a Cisjordânia adotada na mais recente Conferência de Ação Política Conservadora (AC). A Convenção dos Locutores Religiosos Nacionais (NRB), realizada em Dallas em março, reuniu mais de 200 s de pastores e líderes religiosos de direita dos Estados Unidos pedindo a anexação de "Judeia e Samaria" — o suposto nome bíblico da Cisjordânia — e declarando a solução de dois Estados "um experimento fracassado".

      O grupo American Christian Leaders for Israel, que afirma representar uma rede de "mais de 3.000 líderes organizacionais de todo o país, incluindo os Locutores Religiosos Nacionais", endossou a resolução do NRB e a enviou a Trump. A congressista Claudia Tenney e cinco outros membros do caucus "Amigos da Judeia e Samaria" no Congresso enviaram uma carta a Trump pedindo para que ele "reconheça o direito de Israel" de declarar soberania sobre os territórios palestinos ocupados, argumentando que isso promoveria "a herança judaico-cristã sobre a qual nossa nação foi fundada".

      Trump, que revogou uma ordem executiva do governo Biden que sancionava colonos judeus na Cisjordânia por violações de direitos humanos, prometeu, em 4 de fevereiro, fazer um anúncio "nas próximas quatro semanas" sobre a possível anexação da Cisjordânia. Isso ocorre após Trump ter defendido a limpeza étnica de Gaza e feito ameaças de morte aos palestinos, a menos que libertassem reféns israelenses. "Estamos falando de provavelmente um milhão e meio de pessoas, e simplesmente limparemos tudo aquilo", disse Trump sobre Gaza enquanto falava com repórteres a bordo do Air Force One.

      A pauta dos extremistas sionistas e dos fascistas cristãos, que ocupam altos cargos no governo Trump, convergiu há muito tempo. A linguagem, iconografia e simbolismo usados pelos fascistas cristãos e judeus são bíblicos. Mas os laços entre eles são políticos, não religiosos.

      Eu detalho a história e a ideologia do nosso fascismo doméstico [nos EUA] e a sua relação com o fascismo judeu no meu livro "American Fascists: The Christian Right and the War on America".

      Mike Huckabee, ex-governador do Arkansas e pastor batista, foi indicado por Trump para ser embaixador dos EUA em Israel. Huckabee já declarou que "não existe algo como um palestino" e afirmou que a identidade palestina é "uma ferramenta política para tentar tirar terras de Israel". Ele propõe que qualquer Estado palestino seja criado fora de Israel, em países vizinhos como Egito, Síria ou Jordânia. Ele rejeita a solução de dois Estados como "irracional e impraticável".

      "Eu acredito na escritura. Gênesis 12: aqueles que abençoam Israel serão abençoados; aqueles que amaldiçoam Israel serão amaldiçoados. Quero estar do lado da bênção, não da maldição", diz Huckabee.

      John Ratcliffe, nomeado por Trump para chefiar a Agência Central de Inteligência (CIA), defende ajudar Israel em sua abordagem de "pé na garganta" contra o Irã.

      O secretário de Defesa de Trump, Pete Hegseth — que argumenta que "o sionismo e o americanismo são as linhas de frente da civilização ocidental e da liberdade no mundo de hoje" — sustenta a tese absurda de que a Bíblia Hebraica, escrita há 4.000 anos, pode ser usada para definir as fronteiras nacionais contemporâneas.

      Ele disse à Fox News em novembro ado:

      "Abra a sua Bíblia. Deus concedeu esta terra a Abraão. As doze tribos de Israel estabeleceram uma monarquia constitucional em 1000 a.C. O rei Davi foi o seu segundo rei e estabeleceu Jerusalém como a capital. Os judeus lutaram contra ocupantes estrangeiros por séculos, mantendo uma presença lá. E agora, palestinos, árabes, muçulmanos, estão tentando apagar os laços judaicos com Jerusalém. Eu estive lá várias vezes. Eles estão tentando fazer parecer que os judeus nunca estiveram lá."

      A televangelista Paula White-Cain, uma cristã sionista radical, que diz que desafiar Trump é equivalente a "lutar contra a mão de Deus", é uma das principais assessoras do recém-criado Escritório da Fé da Casa Branca.Universidades nos EUA foram caluniadas pelos sionistas como aliadas do Hamas imediatamente após a incursão de 7 de outubro em Israel, semanas antes de haver qualquer protesto nos campi. Essas universidades, em resposta às críticas e à criação de acampamentos estudantis, baniram protestos e reprimiram a liberdade de expressão. Elas suspenderam ou expulsaram ativistas estudantis e demitiram professores e es que falaram contra o genocídio.

      O governo Trump, apesar das medidas draconianas impostas pelos es da Universidade de Columbia, cancelou aproximadamente US$ 400 milhões em subsídios federais para a instituição, alegando "inação contínua diante do assédio persistente aos estudantes judeus".

      Essa campanha contra universidades não tem nada a ver com combater o antissemitismo. Trata-se de criminalizar a dissidência e obrigar as instituições acadêmicas a seguir os ditames ideológicos da extrema direita e dos fascistas cristãos. O antissemitismo é apenas um pretexto.O fascismo asume diferentes formas, mas os seus atributos essenciais são os mesmos. É por isso que os fascistas cristãos estão tão empenhados em trabalhar para Israel. O fascismo prospera em um senso de vingança e redenção messiânica.

      As marés estão contra nós. As antigas alianças estão cedendo espaço ao autoritarismo global. A extrema-direita está em ascensão na Europa, especialmente na França e na Alemanha. O movimento trabalhista e a esquerda radical foram destruídos. Não teremos proteção de um Partido Democrata submisso ou de instituições liberais como a Universidade de Columbia.O fascismo só pode ser derrotado por uma militância rival — como a que comunistas, anarquistas e socialistas demonstraram nos anos 1930.Resistiremos através de atos sustentados de desobediência civil — incluindo greves — contra essas forças despóticas, ou seremos reduzidos a vassalos.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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