‘Trump não respeita população da Groenlândia’, diz primeiro-ministro
Segundo Mute Egede, o presidente dos Estados Unidos é “muito imprevisível”
247 - Na véspera das eleições parlamentares na Groenlândia, o primeiro-ministro Mute Egede fez duras críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que ele tem se mostrado “muito imprevisível” e não tem tratado o povo groenlandês com o respeito que merece. As declarações de Egede foram feitas em um momento delicado, com o país prestes a renovar seu Parlamento e com a crescente discussão sobre o futuro da Groenlândia no cenário internacional. As informações são da Folha de S. Paulo.
"As atitudes recentes do presidente dos EUA fazem com que ninguém queira se aproximar tanto [dos americanos] como gostaria no ado", afirmou Egede. "Merecemos ser tratados com respeito e não acredito que Trump tenha feito isso ultimamente desde que assumiu o cargo." O descontentamento do primeiro-ministro se refere, em grande parte, ao interesse do presidente americano em adquirir a Groenlândia, o que gerou tensões diplomáticas.
Trump havia reiterado seu interesse em comprar a ilha durante o seu discurso anual sobre o Estado da União, no último dia 4 de março. Além disso, o presidente americano reforçou essa posição em uma postagem em sua plataforma Truth Social no dia 9 de março, dizendo: "Continuaremos a mantê-los seguros, como temos feito desde a Segunda Guerra Mundial. Estamos prontos para investir bilhões de dólares para criar novos empregos e enriquecê-los." No entanto, uma pesquisa recente revelou que 85% da população da Groenlândia não deseja se tornar parte dos Estados Unidos, com quase metade dos entrevistados vendo o interesse de Trump como uma ameaça à sua autonomia.
Para Egede, o país precisa traçar limites claros e priorizar relações com países que respeitem os planos futuros da Groenlândia. "Precisamos fortalecer os laços com nações que se preocupem com o nosso futuro", afirmou. O primeiro-ministro também destacou que a Groenlândia deve ser capaz de tomar suas próprias decisões e tem enfatizado a importância da independência para a nação, que possui uma população de aproximadamente 57 mil habitantes.
O partido de Egede, o IA (Inuit Ataqatigiit, ou Comunidade dos Povos, em groenlandês), tem uma plataforma fortemente voltada para a independência da Groenlândia. Apesar disso, o próprio partido já anunciou que não convocará um referendo sobre o tema imediatamente após as eleições, dado o impacto econômico que uma possível independência poderia causar. O país, embora possua vastas riquezas minerais, petróleo e gás natural, ainda depende fortemente de subsídios da Dinamarca, que financia mais da metade do orçamento público da Groenlândia, com rees anuais de cerca de € 645 milhões (aproximadamente R$ 4 bilhões). Essa dependência econômica é um obstáculo significativo para a independência plena.
A Groenlândia, que está mais próxima de Nova York (cerca de 3.000 km) do que de Copenhague (a 3.500 km), enfrenta desafios no desenvolvimento de sua economia, que continua centrada na pesca. Embora o país tenha grandes recursos naturais, como petróleo e gás, a exploração desses recursos ainda é limitada.
Em relação à composição política da Groenlândia, a coalizão governista de Egede atualmente detém 21 das 31 cadeiras do Parlamento local, o Inatsisartut, com a oposição ocupando 10 cadeiras. O partido IA, caso continue no poder após as eleições de 11 de março, busca um caminho cauteloso para a independência, equilibrando os anseios de maior autonomia com os desafios econômicos impostos pela dependência dos subsídios dinamarqueses.
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