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      Washington Araújo

      Jornalista, escritor e professor. Mestre em Cinema e psicanalista. Pesquisador de IA e redes sociais. Apresenta o podcast 1844, Spotify.

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      Nações prósperas criam políticas que resistem às alternâncias de poder

      O século XXI pertencerá às nações que planejam com estratégia e executam com precisão

      Bandeira chinesa no prédio da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC), em Pequim (Foto: REUTERS/Florence Lo)

      Nações que planejam o amanhã vencem o hoje. Com planejamento institucional e inteligência estratégica, China, Brasil e Singapura forjaram progressos históricos. O Brasil tem lições do ado para guiar seu futuro. Curioso para saber como políticas de Estado podem mudar tudo?

      A história contemporânea ensina uma lição cristalina: nações que florescem transcendem os ciclos eleitorais, forjando políticas de Estado que superam a efemeridade dos governos. O planejamento institucional e a inteligência estratégica não são meros recursos istrativos — são o alicerce de uma governança visionária e do progresso nacional duradouro.

      Ascensão chinesa e meio século de transformação planejada

      O milagre chinês ilustra o poder da estratégia bem orquestrada. Em 1978, com 962 milhões de habitantes, IDH de 0,423 e renda per capita de US$ 156, a China era um gigante adormecido. Hoje, com 1,409 bilhão de pessoas, ostenta IDH de 0,768 e PIB per capita de US$ 12.720 — um salto de mais de 8.000% na renda individual.

      Entre 1979 e 2018, o PIB chinês cresceu a uma média anual de 9,5%, o que o Banco Mundial classificou como “o mais rápido crescimento econômico sustentado de um grande país na história”. Esse avanço tirou 800 milhões de pessoas da pobreza extrema, evidenciando o impacto transformador de políticas de Estado.

      Esse êxito não foi fortuito. A China estruturou planos quinquenais que aliam visão de longo prazo a uma execução implacável. Cada plano define metas precisas para setores como infraestrutura, educação e tecnologia. O resultado? Uma economia que, de US$ 150 bilhões em 1978, atingiu US$ 17 trilhões em 2021, consolidando-se como a segunda maior do mundo.

      A estratégia chinesa revela a distinção entre políticas de governo e de Estado. Governos são transitórios; o Estado é perene. A China ergueu instituições que sustentam projetos de décadas, garantindo coerência estratégica, independentemente de quem esteja no comando.

      Brasil e os ciclos virtuosos de Vargas e JK

      O Brasil já viveu eras em que o pensamento de Estado prevaleceu sobre o imediatismo. Na Era Vargas (1930-1945 e 1951-1954), o país lançou seu primeiro grande projeto de nação. De 1930 a 1950, a população cresceu de 33 para 52 milhões, o PIB per capita avançou 2,5% ao ano, e a industrialização ganhou raízes sólidas.

      Pense no Brasil como uma orquestra: cada setor econômico é um grupo de instrumentos, cada política pública, uma partitura. O Estado, como maestro, harmoniza essas vozes ao longo de décadas. Vargas foi o pioneiro nessa regência, criando a Companhia Siderúrgica Nacional (1941), a Petrobras (1953) e as bases da indústria brasileira. Ele via o Brasil como um projeto de nação, não como um palco eleitoral.

      Juscelino Kubitschek (1956-1961) ampliou essa visão com o Plano de Metas, prometendo “50 anos em 5”. Com 61 milhões de habitantes, o Brasil viu o PIB total crescer 7% ao ano, com o PIB per capita subindo cerca de 30% no período. A indústria automobilística nasceu, e Brasília foi erguida.

      Os frutos dessas políticas ecoam: em 1950, o IDH brasileiro era de 0,345; em 1980, alcançou 0,549. Hoje, com 216 milhões de habitantes, o país tem IDH de 0,760 e PIB per capita de US$ 11.351, ocupando a 87ª posição no ranking global de desenvolvimento humano.

      Vargas e JK compartilhavam uma convicção: o Brasil era um Estado, não apenas um governo. Criaram instituições perenes, bases industriais robustas e transformações que moldaram gerações.

      Singapura e o modelo euro-asiático de planejamento

      Singapura é outro farol de planejamento estratégico. Em 1965, recém-independente, tinha 1,9 milhão de habitantes, IDH de 0,613 e uma economia ancorada no comércio portuário. Com disciplina e visão, transformou-se radicalmente.

      Seu plano diretor, revisado a cada década, projeta 50 anos à frente, um exemplo raro de foresight. Hoje, com 5,9 milhões de habitantes, Singapura exibe IDH de 0,949 (9º no mundo) e PIB per capita de US$ 88.429, entre os mais altos do planeta.

      O desenvolvimento seguiu etapas claras: trabalho intensivo nos anos 1960, exportações nos 1970, competitividade nos 1980 e inovação nos 1990. De 1965 a 1990, o PIB per capita saltou de US$ 516 para US$ 11.900 — crescimento de mais de 2.000% em 25 anos.

      Planos quinquenais de pesquisa e inovação, com 2% do PIB investido em P&D entre 2021 e 2025, posicionaram Singapura como líder asiático em inovação, segundo o Global Innovation Index. O país prova que limitações geográficas podem ser superadas por estratégias inteligentes.

      Urgência de pensar como estado

      A diferença entre governar e construir um Estado está no horizonte temporal e na continuidade. Governos gerenciam o agora; Estados arquitetam o amanhã. Nações prósperas criam políticas que resistem às alternâncias de poder.

      Planejamento institucional e inteligência estratégica são pilares da governança responsável. Não se trata de autoritarismo, mas de consensos nacionais sobre prioridades de longo prazo. É construir instituições que pensem e ajam em décadas, imunes às turbulências políticas de curto prazo.

      O século XXI pertencerá às nações que planejam com estratégia e executam com precisão. A China mostrou que é possível. Singapura provou que tamanho não é obstáculo. O Brasil já trilhou esse caminho. A questão é: teremos a lucidez para retomá-lo?

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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