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      Pedro Benedito Maciel Neto

      Pedro Benedito Maciel Neto é advogado, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007.

      174 artigos

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      Meu coração tem muitas cores

      Achei a camiseta vermelha uma linda homenagem ao nome do nosso país, cuja origem está no pau-brasil, à flora e à fauna

      (Foto: Reprodução )

      Recebi muitas mensagens de whatsapp reclamando da proposta da CBF para a cor do uniforme “número 2” da seleção brasileira; alguns escreveram: “começa assim...”; esses comunistas”; e outros escreveram criticas impublicáveis para serem reproduzidas aqui no 247, ou em qualquer veículo sério.

      Evidentemente não perdi a oportunidade de caçoar dos interlocutores, afinal, das 32 seleções que disputaram a Copa do Mundo do Catar, 31,25% utilizaram camisas com cores diferentes daqueles presentes nas bandeiras nacionais, sejam as camisas principais e reservas.

      Aos abobalhados, que ficam indignados com a suposta cor do segundo uniforme da seleção de futebol, mas não se importam com os mais de 50 mil civis mortos em Gaza e os 40 mil civis mortos na Ucrânia, ou ao fato e no Brasil, cerca de 49 milhões de pessoas não ter o adequado ao saneamento básico, segundo o Censo 2022, ou seja, quase 25% da população total ou, noutra perspectiva, cerca de 100 milhões não têm o à coleta de esgoto e 33 milhões não têm o à água potável, comecei dizendo que não sou dirigente nem da Ponte Preta, quanto mais da CBF, que por isso as reclamações deveriam ser dirigidas ao departamento de marketing da entidade, cheguei a ar o contato da ouvidoria: https://portaldegovernanca.cbf.com.br/ouvidoria.

      Me diverti muito, apesar da parvoíce. A polêmica, entorno da cor da segunda camisa da seleção brasileira de futebol é boba, por isso, apesar de apalermada, ela merece algum comentário, pois, revelou que muita gente não tem nenhuma informação sobre como o mundo gira, ou, sendo mais preciso, são desconhecidos os movimentos de rotação e translação da Terra e, segundo o DATAFOLHA, 11 milhões de brasileiros acreditam que a Terra é plana.

      As 11 milhões de pessoas que acreditam que a Terra é plana devem ser, mais ou menos, as mesmas pessoas que acreditam que o “verde e amarelo” são as cores do nosso Brasil, só porque estão na bandeira nacional, uma completa falta de cultura histórica.

      O que vou “revelar” pode causar sofrimento para esses nossos irmãos parvos: as cores verde e amarelo na bandeira do Brasil são homenagem a Casa de Bragança (verde) e a Casa de Habsburgo (amarelo), famílias reais portuguesa e austríaca, ou seja, são homenagem à monarquia europeia, colonizadora e escravagista, que explorou, ao lado da elite agrária, o nosso país por 389 anos.

      É verdade que após a proclamação da república - um golpe de Estado, sem povo e sem o Partido Republicano -, o azul e branco, foram incorporados à bandeira da republica e remeteriam ao céu estrelado do Rio de Janeiro na noite da Proclamação da República, em 1889, não tenho certeza dessa última informação.

      Noutras palavras, o apego ao “verde e amarelo” é, como diria meu pai: “coisa de bobo”, e acrescento, de monarquista ou de desinformado, por isso, talvez a bandeira pudesse, à época da proclamação da república, ter sido redesenhada, sendo banida a referência às casas de Bragança e Habsburgo, mantendo-se o azul e o branco de forma predominante.

      O azul e o branco me parecem bem adequados, considerando que o nosso país possui um litoral de aproximadamente 7.491 quilômetros de extensão, uma costa banhada pelo Oceano Atlântico, que se estende desde o Amapá até o Rio Grande do Sul, um litoral rico em diversidade paisagística e cores, com praias, ilhas, recifes, baías e outras formações.

      Mas quais seriam as cores adequadas para uma bandeira do Brasil? 

      Ademais, por que não usar o vermelho? Afinal, das vinte e sete unidades da federação, pelo menos quinze utilizam o vermelho em suas bandeiras. Seriam cada um deles comunistas?

      E mais, etimologicamente o nome Brasil é uma forma abreviada de “Terra do Brasil”, uma referência à árvore pau-brasil e à grande diversidade de cores vivas que há na natureza, especialmente as aves.

      Como sabemos, o nome “Brasil” foi dado no início do século XVI aos territórios arrendados ao consórcio comercial liderado por Fernão de Loronha, para explorar o pau-brasil na produção do corante vermelho da madeira para a indústria têxtil europeia.

      Ora, se no nome do nosso país há induvidosa referência ao corante vermelho, extraído do pau-brasil, por que não incorporar o vermelho à bandeira, como justa homenagem ao pau-brasil?

      A nossa natureza legitimaria o uso do vermelho, pois, várias aves apresentam plumagem predominantemente vermelha, dentre elas, destacam-se: o guará, ou íbis-escarlate; a arara-vermelha e o tiê-sangue, ave símbolo da Mata Atlântica; há ainda o Chorozinho-de-asa-vermelha; a Arara-vermelha-azul; o Juriti-vermelha; o Garrinchão-de-barriga-vermelha; o Apuim-de-asa-vermelha e a Saíra-sete-cores, que tem várias cores, incluindo vermelho em algumas partes da plumagem. 

      Seriam todas essas aves comunistas, assim como o nosso pau-brasil? Evidentemente que não. 

      O que eu penso? 

      Achei a camiseta vermelha uma linda homenagem ao nome do nosso país, cuja origem está no pau-brasil, à flora e à fauna.

      E, pensando “fora da caixinha”, seria uma completa quebra de paradigma, assim como foi a criação da "amarelinha" depois da derrota de 1950; talvez uma camisa vermelha não deva ser usada em jogos oficiais, mas para jogos amistosos seria muito bacana, além do que, comercialmente seria genial.

      E, para os supersticiosos como eu, talvez a “amarelinha” devesse ser preservada e usada apenas em finais das grandes Copas (do Mundo, América, das Confederações, Olimpiadas e Pan-Americano), pois, usando a “amarelinha” não ganhamos uma Copa do mundo desde 2002 e sequer nos classificamos para as últimas Olimpiadas, sendo assim, quem sabe uma camiseta vermelha nos ajudaria a espantar o mau-olhado.

      Essas são as reflexões.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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