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      Leonardo Attuch

      Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

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      Brasília, 65 anos

      Obra de arte a céu aberto, a capital federal é a utopia transformada em realidade

      Brasília, por Ricardo Stuckert (Foto: Ricardo Stuckert)

      Brasília, que completa 65 anos nesta segunda-feira 21, é uma obra de arte a céu aberto. É também uma cidade-parque e a realização de uma utopia brasileira. Fruto de um tempo em que o Brasil acreditava no seu próprio destino grandioso, a capital federal segue sendo um marco histórico, cultural e simbólico. Sua vitalidade prova que, em certos momentos, o Brasil foi capaz de pensar grande, planejar com rigor e executar com ousadia.

      Mais do que o cumprimento de um preceito constitucional, o de levar a capital para o interior do país, Brasília foi uma decisão estratégica de Juscelino Kubitschek, que entendeu que o Brasil precisava se reinventar. Ao levar o centro do poder para o Planalto Central, JK rompeu com a lógica da concentração litorânea e deu o pontapé inicial para interiorizar o desenvolvimento nacional. Foi uma operação política e simbólica de envergadura raramente vista em nossa história republicana. E se hoje grande parte da riqueza nacional vem do Centro-Oeste, isso é fruto também do sonho de JK.

      Juscelino também teve o mérito de reunir e valorizar dois dos maiores talentos criativos do Brasil do século XX: Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Se o urbanista concebeu o plano piloto com uma clareza estrutural impressionante, organizando a cidade de forma racional e inovadora, com setores bem definidos e amplos espaços públicos, o arquiteto deu forma ao sonho com sua arquitetura fluida, livre, monumental e profundamente brasileira. As curvas do Congresso, da Catedral, do Palácio do Planalto e do Palácio da Alvorada expressam um desejo de futuro, de beleza e de afirmação da identidade nacional.

      Brasília é uma síntese rara: é arte, é engenharia, é utopia e é realização. É uma cidade que não se parece com nenhuma outra – e por isso mesmo, tantas vezes mal compreendida. Confundida com os vícios da política que ali se aloja, foi injustamente vilipendiada e até acusada pela inflação que ocorreu muitos anos depois. Mas Brasília resistiu e, mais do que isso, tornou-se um modelo estudado mundo afora. Sua concepção urbanística, integrada à paisagem e generosa no uso dos espaços públicos, segue inspirando arquitetos, planejadores e gestores urbanos. Recentemente, estive na China e fiquei feliz ao saber que a nova cidade istrativa que está sendo construída numa área adjacente a Pequim é inspirada na capital traçada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.

      Brasília é também uma cidade de cultura intensa. Os azulejos de Athos Bulcão estão por toda parte, transformando o concreto em cor e movimento. No campo da educação, Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira fundaram a Universidade de Brasília, minha "alma mater", com a ambição de que ela fosse uma universidade-modelo, com liberdade acadêmica, inovação curricular e um pensamento voltado para os desafios do Brasil.

      Foi também nas suas superquadras e entre blocos de apartamentos que nasceu a cena musical mais autêntica da juventude brasileira nos anos 1980: o rock brasiliense, de onde brotaram Paralamas, Plebe Rude e Legião Urbana. De lá surgiu Renato Russo, talvez o maior letrista do rock nacional, que cantou as contradições do Brasil com lucidez, poesia e profundidade. Se Niemeyer deu forma ao sonho de Brasília, Renato Russo traduziu em música os dilemas de sua juventude.

      Como brasiliense, tenho orgulho de testemunhar de perto essa história. Como editor-responsável pelo Brasil 247, decidi realizar vários eventos em Brasília, sobre temas centrais para o futuro do País, como a exploração do petróleo da Margem Equatorial, a política nacional sobre drogas e a relação sino-brasileira. Enxergo na capital federal o coração pulsante do País.

      Brasília é a cidade que nos lembra, todos os dias, que o Brasil já foi capaz de unir vontade política, criatividade e planejamento para construir algo verdadeiramente novo. Aos 65 anos, ainda é uma cidade jovem, e seu maior legado talvez seja este: provar que é possível pensar o país para além do imediatismo, com ambição, generosidade e confiança no futuro. Que esta obra de arte urbana nos inspire a buscar sempre o espírito de um Brasil que um dia ousou sonhar – e realizar.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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