Rosas do Equador despontam no mercado chinês com impulso de acordo comercial
Com isenção tarifária e logística eficiente, flores equatorianas chegam à China em apenas três dias
247 – No sopé do vulcão Cayambe, na Cordilheira dos Andes, trabalhadores da fazenda Hoja Verde, no Equador, colhem rosas ao amanhecer em uma verdadeira corrida contra o tempo. Destino final: China. Graças a uma combinação de fatores naturais — altitude, clima e luz solar abundante —, as flores equatorianas alcançaram excelência na qualidade e conquistaram mercados exigentes, como o chinês.“Temos uma qualidade estável e nossas rosas são muito populares no mercado chinês”, afirmou Hernan Davila, gerente de vendas da Hoja Verde, que já comercializa flores com o país asiático há anos, segundo aponta reportagem do Diário do Povo.
A logística é precisa: as rosas são cortadas, desinfetadas, embaladas e colocadas em caixas de papelão. Dali, partem para o aeroporto, onde são acomodadas em contêineres refrigerados entre 2°C e 8°C. Na alta temporada, cerca de 30 voos diários partem de Quito para destinos globais. Com duas conexões, o percurso até Beijing leva cerca de 40 horas.
Graças ao “canal verde” chinês para importação de flores frescas, os controles aduaneiros são acelerados — apenas 1,5 hora após o pouso — e os consumidores recebem as rosas em até três dias após a colheita.
Acordo de livre comércio impulsiona competitividade
O sucesso desse comércio é resultado da crescente parceria econômica entre China e Equador. Desde 1º de maio de 2024, está em vigor um Acordo de Livre Comércio entre os dois países. Segundo o acordo, tarifas de até 20% sobre cerca de 90% dos produtos serão eliminadas progressivamente. Flores, bananas, camarões-brancos, peixes, óleos de peixe, cacau e café estão entre os beneficiados.
Desde a entrada em vigor do tratado, a Alfândega do Aeroporto Internacional da Capital chinesa processou 128 lotes de aproximadamente 500 mil rosas equatorianas — mais de 40 toneladas.
Andrés Mancero, diretor da Valdani Trading, empresa especializada na exportação de rosas para a China, enfatizou: “A China é um mercado com grande potencial. Com a eliminação gradual das tarifas, as rosas equatorianas terão mais competitividade no preço”.
Redução de preços e aumento nas exportações
O impacto foi imediato. Segundo Wang Lei, diretor da empresa Beijing Jingke Hongxiang Import and Export Trade, os custos foram reduzidos em cerca de 60 mil yuans desde o início do acordo, permitindo que o preço unitário das rosas caísse entre 1 e 2 yuans.
Dados da istração Geral de Alfândegas da China apontam que o comércio bilateral alcançou US$ 3,915 bilhões no primeiro trimestre de 2025 — um aumento de 34,17% em relação ao mesmo período do ano anterior. As importações chinesas do Equador cresceram 42,8%, chegando a US$ 2,339 bilhões.
Diversificação da pauta exportadora equatoriana
A relação não se restringe às flores. Os camarões-brancos continuam como carro-chefe, com exportações de US$ 280 milhões em janeiro — alta de 25% em comparação a janeiro de 2024. Em fevereiro, o Equador exportou latas de atum para a China com tarifa zero pela primeira vez.
“Esperamos que o atum equatoriano tenha o mesmo sucesso que os camarões-brancos”, disse Ricardo Herrera, diretor da Tecopesca. “O acordo de livre comércio oferece aos consumidores de ambos os países opções mais variadas e é um benefício mútuo.”
Outros setores também se mobilizam: exportadores de quinoa, mirtilos e abacaxis buscam certificados fitossanitários chineses para ar o mercado com isenção tarifária.
Modernização industrial com insumos chineses
A parceria também favorece o desenvolvimento tecnológico no Equador. Segundo Zhang Pengxiang, conselheiro da Câmara de Comércio Equador-China, muitos produtores equatorianos utilizam lâmpadas chinesas de luz suplementar para melhorar a produtividade de frutas como pitayas e mirtilos. Além disso, tarifas sobre máquinas, equipamentos eletrônicos, automóveis e autopeças estão sendo gradualmente reduzidas, facilitando a modernização das indústrias locais.
A jornada das rosas equatorianas à China é apenas um entre muitos capítulos de uma integração econômica estratégica que beneficia produtores, consumidores e fortalece os laços comerciais entre América do Sul e Ásia.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: