Thiago Ávila revela tensão dramática na Flotilha da Liberdade: “só um milagre impede Israel de cometer um crime de guerra”
Integrante da missão humanitária relata ao Brasil 247 o clima de tensão e ameaças em tempo real
247 – A bordo do iate Madleen, embarcação civil que navega em águas internacionais com o objetivo de levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, o ativista brasileiro Thiago Ávila relatou neste domingo (8) uma escalada de tensão e ameaças concretas à segurança dos tripulantes. Em mensagem enviada às 17h53 ao Brasil 247, Ávila foi direto: “As ameaças estão intensas. A guerra cibernética desabilitou nosso sistema de navegação. Devem cortar comunicação com o mundo a qualquer hora. Só um milagre impede Israel de cometer um crime de guerra, nos sequestrar e tomar o barco e a ajuda humanitária”.
A denúncia do ativista brasileiro ocorre em meio a declarações agressivas do ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, que afirmou que as Forças de Defesa de Israel (IDF) “tomarão todas as medidas necessárias” para impedir que o Madleen chegue à costa de Gaza. Segundo a rede britânica Sky News, o iate está a cerca de 160 milhas náuticas do território palestino e tenta romper simbolicamente o bloqueio naval imposto por Israel à região.
A embarcação integra a chamada Flotilha da Liberdade, coordenada pela Freedom Flotilla Coalition (FFC), e conta com 12 ativistas a bordo — entre eles, a jovem sueca Greta Thunberg, conhecida mundialmente por seu ativismo climático. Também há representantes de diversos países, como Brasil, França, Alemanha, Holanda, Espanha, Suécia e Turquia. O grupo zarpou da Sicília, na Itália, na última sexta-feira (6), levando um carregamento simbólico de mantimentos, como arroz e fórmula infantil, com a intenção de denunciar a situação de cerco humanitário na Faixa de Gaza.
Em nota divulgada pela coalizão, a FFC reagiu com firmeza às ameaças israelenses: “Não seremos intimidados. O mundo está observando”, declarou a porta-voz Hay Sha Wiya. Ela reforçou que o Madleen é um “navio civil, desarmado e navegando em águas internacionais, transportando ajuda humanitária e defensores dos direitos humanos de várias partes do mundo. Israel não tem direito de obstruir nosso esforço para chegar a Gaza”.
O ministro Katz, por sua vez, foi enfático em sua retórica hostil. Em publicação na rede X (antigo Twitter), afirmou: “Instrui as IDF a agir para impedir a ‘flotilha do ódio’ Madeleine [sic] de chegar às margens de Gaza – e a tomar todas as medidas necessárias para esse fim”. Dirigindo-se diretamente à tripulação, acrescentou: “Para a antissemita Greta e seus colegas porta-vozes da propaganda do Hamas, digo claramente: voltem – vocês não chegarão a Gaza”.
A FFC acusou Katz de tentar justificar um possível uso ilegal da força contra civis, ao mesmo tempo em que recorre a ataques pessoais e difamações. O grupo denunciou ainda que o navio sofreu interferência eletrônica deliberada, tendo o sinal de GPS desviado momentaneamente para a região da Jordânia, o que evidencia uma tentativa de desorientação ou mesmo de sabotagem.
Segundo fontes da imprensa israelense, a marinha do país está de prontidão para interceptar a embarcação. Um oficial ouvido pelo Jerusalem Post afirmou que “vamos assumir o controle do navio com calma, levá-los para Israel e deportá-los ainda na mesma noite”.
A ação do governo israelense remete a um episódio trágico ocorrido em 2010, quando comandos navais israelenses mataram 10 pessoas ao abordarem o navio turco Mavi Marmara, também parte de uma flotilha de ajuda humanitária rumo a Gaza.
Desde o início da ofensiva israelense em resposta ao ataque de 7 de outubro de 2023 — quando cerca de 1.200 pessoas foram mortas por militantes do Hamas e outras 251 foram feitas reféns — a campanha militar na Faixa de Gaza resultou em mais de 54 mil mortes, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
Enquanto a crise humanitária em Gaza se agrava, o drama dos ativistas no Madleen expõe a brutalidade do cerco e o risco que ações pacíficas e simbólicas enfrentam sob a sombra de operações militares e retórica belicista. Thiago Ávila e os demais integrantes da missão seguem firmes, mesmo diante da ameaça real de interceptação, prisão e deportação. “Estamos preparados para a possibilidade de um ataque”, afirma a FFC. E o mundo observa.
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