Saiba quem é Karol Nawrocki, o novo presidente da Polônia

247 – Karol Nawrocki, historiador conservador apoiado pelo partido de direita Lei e Justiça (PiS), foi eleito presidente da Polônia com 50,89% dos votos no segundo turno. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (2) pela agência Reuters, que acompanhou a reta final da campanha e os desdobramentos da vitória.

Cultivando uma imagem de homem forte, Nawrocki usou a campanha para se aproximar do eleitorado mais conservador e nacionalista. Publicou vídeos em estandes de tiro e ringues de boxe, e se apresentou como defensor da família tradicional e dos “valores cristãos”. Seu mote foi direto: “Polônia em primeiro lugar”. “Vamos ajudar os outros, mas vamos cuidar primeiro dos nossos cidadãos”, declarou nas redes sociais em abril.

Durante a campanha, Nawrocki recebeu apoio explícito do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem se encontrou na Casa Branca. Essa aliança ajudou a contrastá-lo com seu adversário liberal, o prefeito de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, que se apresentou como defensor dos valores europeus e das alianças ocidentais.

Apesar do perfil conservador e do discurso crítico em relação à ajuda excessiva à Ucrânia, Nawrocki adota uma posição distinta de outros líderes eurocéticos da região, como o eslovaco Robert Fico ou o húngaro Viktor Orbán. O novo presidente polonês apoia a continuidade da ajuda militar a Kiev contra a invasão russa, que já dura três anos. No entanto, se opõe à entrada da Ucrânia em alianças como a União Europeia e a OTAN, num gesto calculado para dialogar com o crescente cansaço da população polonesa em relação ao conflito e à acolhida de mais de um milhão de refugiados ucranianos.

A trajetória de Nawrocki inclui a presidência do Instituto da Memória Nacional (IPN), órgão responsável por preservar a memória das vítimas de regimes totalitários na Polônia. Ele usou sua atuação à frente da entidade para consolidar sua imagem como defensor da identidade nacional. Nos últimos dias de campanha, buscou conquistar o eleitorado que no primeiro turno havia apoiado o candidato de extrema direita Slawomir Mentzen, que obteve 15% dos votos.

Ao longo da disputa, Nawrocki enfrentou controvérsias, incluindo denúncias sobre a aquisição de um imóvel de um idoso e antigas participações em brigas de rua organizadas entre torcidas de futebol. Em um debate, ele não negou as acusações, mas procurou enquadrá-las como parte de sua vivência esportiva. “Todas as minhas atividades esportivas se basearam na força do meu coração, na força dos meus músculos, dos meus punhos. Foi uma competição justa, independentemente da forma”, afirmou.

Seus apoiadores, dentro do PiS, acusaram o governo atual — de tendência liberal e pró-União Europeia — de usar os serviços secretos e a mídia para difamá-lo. O governo nega qualquer envolvimento.

Nawrocki deve seguir uma linha semelhante à do presidente Andrzej Duda, seu antecessor e aliado do PiS, que vetou repetidamente projetos do governo voltados à reversão de reformas judiciais implementadas pela antiga gestão conservadora. Tais reformas foram duramente criticadas pela União Europeia por comprometerem a independência do Judiciário.

Em um dos momentos mais simbólicos da campanha, Nawrocki declarou em Biala Podlaska: “Eu sou simplesmente um de vocês”. A frase resume sua tentativa de se apresentar como antielitista e enraizado nos valores do “cidadão comum” da Polônia profunda.

Com a vitória, a presidência da Polônia retorna ao controle da direita nacionalista, sinalizando possíveis tensões com o governo liberal no Parlamento e com instituições da União Europeia.