Mais montadoras anunciam paralisação em produção pela escassez de terras raras
Restrições da China à exportação de minerais críticos afetam cadeias globais e elevam alerta entre montadoras e fornecedores
247 - A indústria automotiva global está enfrentando sérios entraves produtivos devido à escassez de terras raras e ímãs de origem chinesa, fundamentais para a fabricação de veículos elétricos e componentes eletrônicos. Segundo reportagem da agência Reuters, restrições impostas por Pequim à exportação desses insumos críticos vêm desorganizando cadeias de suprimentos e levando à suspensão de linhas de produção em diferentes países.
Esses materiais são essenciais em motores elétricos e peças como vidros automatizados e alto-falantes, tornando-se insubstituíveis nas atuais plataformas veiculares. A nova onda de interrupções expõe a dependência estrutural da indústria global em relação aos recursos controlados pela China.
Fábricas paradas e montadoras sob pressão
Entre as paralisações mais significativas, está a da Ford, que suspendeu por uma semana, em maio, a produção do utilitário esportivo Explorer na unidade de Chicago. A montadora atribuiu a interrupção diretamente à escassez de terras raras.
Na Ásia, a Suzuki Motor paralisou a montagem do modelo Swift, um de seus principais produtos, desde 26 de maio. A empresa prevê um retorno parcial das operações em 13 de junho, com retomada completa esperada para depois do dia 16. Embora não tenha oficializado os motivos da suspensão, duas fontes ouvidas pela Reuters confirmaram que a medida está relacionada às restrições chinesas. A companhia, por sua vez, preferiu não comentar o motivo exato.
A crise também afetou os fornecedores europeus. De acordo com a CLEPA, associação que representa os fabricantes de autopeças do continente, diversas fábricas e linhas de produção precisaram ser fechadas recentemente em razão da escassez dos insumos.
Alerta global e riscos no horizonte
A Bajaj Auto, fabricante indiana de motocicletas e veículos elétricos, fez um alerta direto sobre os riscos de descontinuidade: segundo a empresa, novos atrasos na obtenção de ímãs de terras raras poderão “impactar seriamente” a produção até julho.
O impacto não se limita à linha final de montagem. Grandes fabricantes de autopeças também estão lidando com gargalos em suas cadeias internas. A alemã Bosch relatou que fornecedores têm enfrentado dificuldades adicionais devido à necessidade de documentação extensa para garantir as licenças de exportação chinesas.
Na Alemanha, a ZF — fornecedora de componentes automotivos — declarou que alguns de seus parceiros já sentem os efeitos da escassez, ainda que a empresa, diretamente, não compre matérias-primas. A BMW, por sua vez, afirmou que sua rede de fornecedores foi afetada, mas garantiu que suas próprias unidades continuam operando normalmente.
Na Índia, a Maruti Suzuki declarou que ainda não sofreu impactos imediatos, mas está dialogando com o governo do país para acompanhar de perto o cenário.
Dependência estrutural e disputa geopolítica
A situação escancara a vulnerabilidade da indústria global em relação a matérias-primas estratégicas controladas por um único país. Terras raras são um grupo de 17 elementos químicos com propriedades únicas, usados em produtos de alta tecnologia, cuja cadeia de mineração e refino é, em sua maioria, dominada pela China.
As restrições impostas por Pequim, nesse contexto, têm implicações que vão além da indústria automotiva, refletindo disputas comerciais e geopolíticas em torno da autonomia tecnológica e energética de diversas economias.
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