window.dataLayer = window.dataLayer || []; window.dataLayer.push({ 'event': 'author_view', 'author': 'Luis Mauro Filho', 'page_url': '/mundo/china-fortalece-lacos-com-paises-do-pacifico-e-amplia-protagonismo-no-sul-global' });
TV 247 logo
      HOME > Mundo

      China fortalece laços com países do Pacífico e amplia protagonismo no Sul Global

      Reunião presencial de chanceleres em Xiamen aprofunda cooperação com ilhas do Pacífico e evidencia desgaste da influência ocidental na região

      O presidente chinês Xi Jinping e o ministro das Relações Exteriores Wang Yi participam de uma reunião com o presidente da Assembleia Nacional do Vietnã, Tran Thanh Man (não mostrado na foto), durante uma visita de Estado de dois dias, em Hanói, Vietnã, em 14 de abril de 2025 (Foto: REUTERS/Athit Perawongmetha)
      Luis Mauro Filho avatar
      Conteúdo postado por:

      247 - A Terceira Reunião de Ministros das Relações Exteriores entre a China e os Países Insulares do Pacífico (PICs, na sigla em inglês) teve início nesta quarta-feira (28) na cidade de Xiamen, na província chinesa de Fujian. As informações são do Global Times.

      É a primeira vez que o encontro acontece presencialmente em solo chinês, e marca uma nova fase na relação entre Pequim e as nações do Pacífico Sul.

      O chanceler chinês Wang Yi, também integrante do Bureau Político do Comitê Central do Partido Comunista da China, conduz a reunião, que reúne representantes de 11 países insulares com os quais a China mantém relações diplomáticas. A expectativa é de aprofundamento da cooperação bilateral e regional, com foco em desenvolvimento sustentável, adaptação climática e construção institucional.

      Cooperação além da infraestrutura

      Segundo o Ministério das Relações Exteriores da China, a parceria com os PICs tem avançado significativamente desde que foi formalizada em 2021. De iniciativas voltadas à infraestrutura, como construção de pontes e modernização de aeroportos, a colaboração agora envolve envio de especialistas chineses nas áreas de educação, agricultura, medicina e segurança pública, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento autônomo dessas nações.

      A expansão da parceria é interpretada como uma resposta concreta às limitações do unilateralismo promovido por países ocidentais. Em entrevista à emissora estatal CCTV em agosto de 2024, o primeiro-ministro de Fiji, Sitiveni Rabuka, foi direto ao rejeitar a lógica de confrontos geopolíticos na região: “Fiji busca coexistência pacífica e benefício mútuo, não queremos ser peões em uma disputa de poder.”

      Reuniões bilaterais e defesa do multilateralismo

      Na abertura do evento, Wang Yi se reuniu com diversas autoridades da região, incluindo o presidente e chanceler de Kiribati, Taneti Maamau. Wang destacou que, desde a retomada das relações diplomáticas há cinco anos, “a confiança política mútua tem se aprofundado continuamente” e afirmou que a decisão de Kiribati foi “estar do lado certo da história”. O chanceler reiterou o apreço da China pela adesão firme desses países ao princípio de “uma só China”.

      Com o ministro das Relações Exteriores das Ilhas Salomão, Peter Shanel Agovaka, Wang reforçou o compromisso com o fortalecimento do multilateralismo e da justiça internacional. “A China continuará a apoiar o desenvolvimento econômico e social das Ilhas Salomão, incentivar o investimento de empresas chinesas e ampliar as trocas culturais”, declarou.

      Clima como prioridade estratégica

      A intensificação da crise climática é um dos eixos centrais do encontro. Pequenas nações insulares do Pacífico estão entre as mais vulneráveis ao aumento do nível do mar, ao mesmo tempo em que enfrentam a redução da ajuda externa de potências ocidentais, como os Estados Unidos — que abandonaram o Acordo de Paris durante o governo Trump.

      Em contraste, a China tem ampliado sua presença na agenda ambiental da região. Segundo o Centro de Cooperação em Mudanças Climáticas China-PICs, já foram realizados 45 treinamentos sobre governança climática para mais de 1.200 servidores públicos dos PICs. Além disso, Pequim formou cerca de 10 mil profissionais em áreas como agricultura, pesca e manejo florestal, com vistas a aumentar a resiliência climática local.

      Para Chen Hong, diretor do Centro de Estudos Australianos da Universidade Normal da China Oriental, a postura chinesa frente ao desafio climático tem “ganhado a confiança das nações insulares” justamente por priorizar a cooperação prática.

      Visitas e reaproximação estratégica

      Nos últimos meses, o fluxo de visitas de alto nível entre a China e os países do Pacífico aumentou consideravelmente. Somente em 2024, líderes de seis países da região, incluindo os presidentes de Nauru e Micronésia, além dos primeiros-ministros de Vanuatu, Fiji, Ilhas Salomão e Samoa, estiveram em território chinês. O premiê das Ilhas Cook, Mark Brown, também participou da cerimônia de encerramento dos Jogos Asiáticos de Inverno, em Harbin, no início do ano.

      Para analistas como Lin Duo, do Instituto de Estudos Internacionais da China, essas visitas representam um “microcosmo” da intensificação das trocas sino-pacíficas. “A parceria não se limita mais a projetos físicos, mas a a moldar a capacidade institucional e a formação de quadros técnicos nessas nações”, explicou Lin ao Global Times.

      Críticas ao viés ocidental

      Enquanto as relações se estreitam, a crescente influência da China no Pacífico tem sido alvo de críticas e suspeitas por parte de centros estratégicos ocidentais. Um relatório publicado em abril pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), dos EUA, acusou Pequim de explorar a suposta “insegurança” provocada pela ausência norte-americana na região.

      As acusações, no entanto, têm sido duramente rechaçadas por lideranças locais. Durante visita oficial à China no ano ado, o premiê das Ilhas Salomão, Jeremiah Manele, afirmou que “a China não obriga nenhum país a tomar partido” e que sua política externa valoriza a “unidade, cooperação e o multilateralismo”.

      A própria realização presencial da reunião ministerial deste ano, pela primeira vez em território chinês, é um sinal claro da aposta dos PICs na via da cooperação e do respeito mútuo — em oposição à lógica das zonas de influência herdada da Guerra Fria.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Relacionados

      Carregando anúncios...
      Carregando anúncios...