“O governo está deixando bolsonaristas operarem dentro da máquina pública”, diz Valter Pomar
Permanência de aliados do bolsonarismo no segundo e terceiro escalões do governo Lula facilita fraudes e fragiliza base social do projeto progressista
247 - Durante participação no programa Contramola da TV 247, o historiador e dirigente nacional do PT Valter Pomar criticou duramente a permanência de quadros ligados ao bolsonarismo em cargos estratégicos da istração federal. A análise surgiu no contexto das investigações da Polícia Federal sobre fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que teriam se iniciado ainda no governo Jair Bolsonaro e continuado durante a gestão Lula.
Segundo Pomar, esse tipo de escândalo é resultado direto de uma falha política cometida pelo governo desde sua posse, em janeiro de 2023. “Nós recebemos uma herança maldita muito grande do governo anterior e isso acabou sumindo da pauta por vários motivos”, afirmou. Para ele, o 8 de janeiro concentrou o debate exclusivamente no golpismo da gestão anterior, ofuscando os danos estruturais deixados por políticas ultraliberais e pela ocupação ideológica da máquina estatal.
“A pergunta é por que é que, não só no INSS e no ministério, mas em todo o governo, existe gente no segundo escalão, no terceiro escalão, às vezes no primeiro escalão, vinculada ao governo Bolsonaro?”, questionou o dirigente. Para ele, a resposta está na política de alianças adotada pelo governo Lula, que manteve figuras associadas ao bolsonarismo em cargos de comando como parte de acordos com partidos de centro e direita.
Pomar defendeu que as investigações da Polícia Federal avancem com transparência e sejam acompanhadas de medidas estruturais para corrigir a falha istrativa. “Tem que abrir mesmo [o sigilo das investigações]. Também não tenho nenhuma dúvida sobre o que vai aparecer. Vai aparecer, seguindo o dinheiro, que o fio da meada vai dar lá na gangue do cavernícola”, disse, referindo-se ao ex-presidente Bolsonaro.
O dirigente considera inevitável que parte dos recursos desviados tenha sido usada para alimentar campanhas eleitorais e que o caso do INSS revele apenas uma fração de um problema mais profundo. “Seguramente tem mais bolsonaristas espalhados em todos os locais, fazendo o que eles sabem fazer”, alertou. Para ele, o governo precisa fazer um pente-fino em toda a estrutura federal: “Não adianta essa ideia de colocar a culpa no inimigo. Verdade que ele é mau, sujo, feio, maldoso. Mas por que então a gente deixou ele aí?”
A crítica de Pomar vai além do caso específico do INSS. Ele relembrou que situação semelhante ocorreu no início do primeiro governo Lula, em 2003, quando a chamada “herança maldita” do neoliberalismo foi deixada de lado na agenda política. “Agora aconteceu a mesma coisa”, afirmou.
Além da responsabilização dos envolvidos nas fraudes, Pomar defende medidas de reparação e reestruturação do setor. “A solução para o caso do INSS agora é reparação de danos. É devolver o dinheiro, punir os criminosos, fazer uma limpeza geral e criar condições para a Previdência exercer seu papel”, afirmou.
Ao comentar o impacto político do escândalo, Pomar alertou para os riscos da inação do governo. “Quantos outros escândalos parecidos podem explodir aqui ou ali ficando na nossa conta?”, questionou. Para ele, a permanência de bolsonaristas nos quadros técnicos não é apenas um risco istrativo, mas também um elemento de desgaste político que pode comprometer o projeto político-progressista do atual governo. Assista:
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: