"Brasil é uma economia grande demais para ser satélite de outro país", diz Haddad sobre tensões comerciais
Estratégia, segundo o ministro, a por manter canais de comércio abertos com os três principais blocos econômicos mundiais: EUA, China e Europa
Em meio às crescentes tensões na economia mundial, o Brasil tem a oportunidade de exercer uma diplomacia comercial estratégica e se posicionar de forma independente no cenário global. Essa foi a principal mensagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante evento realizado pelo Banco Safra nesta segunda-feira (28). "O Brasil é uma economia grande demais para ser satélite de qualquer outro país", destacou Haddad, de acordo com a Folha de S. Paulo, enfatizando a posição do país como potência emergente capaz de traçar seu próprio caminho em meio às disputas comerciais internacionais.
Para o ministro, o acirramento das tensões após os anúncios de tarifas pelo presidente americano Donald Trump representa "uma oportunidade para o Brasil fazer valer sua diplomacia comercial e obter vantagens bilaterais". A estratégia brasileira, segundo Haddad, a por manter canais de comércio abertos com os três principais blocos econômicos mundiais: Estados Unidos, China e Europa. Essa abordagem busca minimizar a dependência de um único parceiro comercial e ampliar as possibilidades de negócios para produtos brasileiros.
Durante o evento, o ex-ministro da Fazenda e atual diretor de estratégia econômica do Banco Safra, Joaquim Levy, questionou sobre o risco de o mercado nacional ser inundado por produtos importados a preços que prejudiquem a indústria brasileira. Haddad respondeu que o ministro Geraldo Alckmin, responsável pelo Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, deverá "calibrar os subsídios para proteger a economia local".
O titular da Fazenda também destacou o papel do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ativo diplomático brasileiro. "O presidente tem muita autoridade junto ao G20, tem uma boa interlocução com os europeus... é uma pessoa que não tem portas fechadas, porque entende o papel do Brasil no cenário global", afirmou.
Segundo Haddad, o Brasil ganhou credibilidade internacional ao se adequar às práticas de transparência e governança da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o que deve impulsionar o acordo do Mercosul com a União Europeia. "Conversei com o ministro das Finanças da França [Éric Lombard] e vi uma abertura maior", revelou o ministro, mencionando reunião ocorrida um dia antes dos anúncios de aumento de tarifas pelo presidente Trump, em 2 de abril.
O ministro fez projeções positivas para as exportações brasileiras de commodities agrícolas, amparadas pela expectativa de safra recorde, e também para o aumento nos embarques de minerais críticos como cobre e zinco. "Brasil sempre patinou no mercado externo e deu um salto nessa área", avaliou.
Haddad anunciou também que viajará à Califórnia nesta semana para atrair investimentos em data centers, destacando que o Brasil ainda importa 70% dos serviços em tecnologia da informação que utiliza. "O país detém as melhores vantagens competitivas em termos de data center... já temos o cabeamento, o melhor vento, a melhor insolação da região", declarou, defendendo que esses centros de processamento de dados poderiam ser instalados próximos às fontes de energia limpa, reduzindo custos de transmissão.
O ministro demonstrou otimismo quanto às chances de atrair investimentos tecnológicos para o Brasil, apesar da pressão exercida pelo presidente americano Donald Trump para que empresas como Nvidia e Microsoft concentrem seus investimentos nos Estados Unidos. Haddad destacou a vantagem competitiva brasileira em energia limpa, cuja matriz elétrica é quase 90% renovável, contra menos de 50% nos Estados Unidos.
Para impulsionar o crescimento econômico, o governo brasileiro trabalha em duas frentes principais: atrair capital privado e manter o consumo das famílias. Além da política de data centers, Haddad mencionou que o governo deve entregar mais de 30 concessões de rodovias, reconhecendo que "o investimento ainda está muito baixo no Brasil".
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