Paulo Figueiredo diz que Zambelli está na Itália; assessoria desconhece paradeiro
Deputada do PL deixou o país após ser condenada pelo STF; Alexandre de Moraes determinou sua prisão preventiva e acionou a Interpol
247 - A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que recentemente anunciou sua fuga do Brasil após ser condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), está “bem e em segurança na Itália”, segundo o ex-apresentador da Jovem Pan, Paulo Figueiredo. A declaração foi publicada por ele na rede social X (antigo Twitter), onde afirmou ainda ter recebido uma ligação da parlamentar diretamente do aeroporto, relata Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo. A assessoria de Zambelli afirmou desconhecer seu paradeiro.
Na última terça-feira (3), Zambelli confirmou que deixou o país e declarou não ter intenção de retornar. Disse ainda que pretende adotar no exterior uma postura semelhante à do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que realiza uma campanha contra ministros do STF nos Estados Unidos. “Estou escolhendo a Europa, porque ele já está fazendo trabalho exemplar nos Estados Unidos”, afirmou a deputada. “Vou denunciar, sim, tudo o que está acontecendo. (...) Quero expor isso para o mundo para que eles saibam quem são os ministros da Suprema Corte do Brasil".
No dia seguinte, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a prisão preventiva da parlamentar. A decisão incluiu também o bloqueio de seus bens e a solicitação de inclusão de seu nome na lista de difusão vermelha da Interpol.
A medida, no entanto, não é automática. A Polícia Federal reuniu os documentos necessários e encaminhou-os ao conselho da Interpol em Lyon, na França. A organização internacional deve agora analisar o pedido brasileiro conforme seus próprios critérios. O processo pode se estender por semanas — e há precedentes de negativa, como no caso do influenciador Allan dos Santos.
Na decisão, Moraes afirmou que a saída do país configura “fuga do distrito de culpa” e justificou a prisão preventiva apontando a intenção da ré de “insistir nas condutas criminosas” com o objetivo de “descredibilizar as instituições brasileiras e atacar o próprio Estado democrático de Direito”.
Zambelli teria deixado o Brasil por via terrestre rumo à Argentina. De lá, embarcou em um voo com destino aos Estados Unidos e, segundo aliados, está na Flórida. A deputada tem cidadania italiana e indicou que seu destino final é a Europa.
A situação judicial da parlamentar se agravou no mês ado, quando foi condenada pela Primeira Turma do STF por ter orquestrado, junto ao hacker Walter Delgatti, a invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o intuito de emitir alvarás de soltura falsos e gerar instabilidade institucional. Ela recorreu da decisão.
Além disso, enfrenta outros dois processos que podem comprometer seu mandato. Em janeiro, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) decidiu pela cassação de seu mandato por disseminação de desinformação eleitoral. Em março, o STF formou maioria para condená-la a cinco anos de prisão em regime semiaberto por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal, em episódio ocorrido na véspera do segundo turno das eleições de 2022, quando ameaçou atirar em um homem nos Jardins, zona oeste de São Paulo. Esse processo está suspenso por pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques, indicado ao Supremo por Jair Bolsonaro (PL).
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro, apontado como modelo de atuação por Zambelli, também está sob investigação do STF por supostos crimes de coação, obstrução de investigação e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito. Ele tem defendido, junto a autoridades do governo do presidente Donald Trump, sanções contra ministros da Suprema Corte brasileira.
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