Xi Jinping abre cúpula China-CELAC exaltando laços históricos e anuncia ampla agenda de cooperação com América Latina e Caribe
“Quem tem um amigo, tem um tesouro. A China será sempre uma boa amiga e parceira confiável dos países da América Latina e do Caribe", disse Xi
Por Guilherme Paladino e Leonardo Attuch, de Pequim - Com um discurso marcado por simbolismo histórico, compromissos concretos e forte acento no multilateralismo, o presidente da China, Xi Jinping, inaugurou nesta terça-feira (13) a cúpula China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) em Pequim. Diante de chefes de Estado e autoridades dos países membros, Xi celebrou o crescimento do fórum desde sua fundação em 2015 e anunciou cinco grandes programas que reforçam a construção de uma “comunidade com futuro compartilhado”.
“É um prazer imenso reencontrar novos e velhos amigos da América Latina e do Caribe em Pequim”, iniciou Xi, rememorando a fundação do fórum China-CELAC há uma década, evento do qual participou pessoalmente com líderes da região. “Naquela época, plantamos uma semente. Hoje, ela cresceu e se tornou uma árvore frondosa, fonte de satisfação para todos nós.”
O líder chinês destacou a longa história de amizade sino-latino-americana, que remonta a séculos e se intensificou a partir das décadas de 1960, com o estabelecimento de relações diplomáticas entre as regiões. “Ficamos ombro a ombro e nos apoiamos mutuamente. A China sempre defendeu o direito dos países da CELAC ao desenvolvimento soberano e independente”, disse, lembrando manifestações de apoio ao Panamá pela soberania do canal e os votos chineses na ONU pelo fim do embargo a Cuba — 32 vezes desde 1992.
Cooperação estratégica: comércio, infraestrutura e ciência
Xi Jinping ressaltou o aprofundamento da cooperação em comércio, infraestrutura, ciência e tecnologia. Segundo ele, mais de 200 projetos de infraestrutura foram aprovados no âmbito da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI), gerando milhões de empregos. O novo porto de Chancay, no Peru, foi citado como símbolo de um novo corredor marítimo-terrestre entre as regiões.
A China mantém atualmente acordos de livre comércio com vários países da América Latina, incluindo Chile, Peru, Costa Rica, Equador e Nicarágua. Em 2024, o fluxo comercial bilateral ultraou, pela primeira vez, US$ 500 bilhões.
A resposta conjunta aos desafios globais
O presidente chinês lembrou que, nos momentos mais difíceis, a China esteve ao lado dos países da região — seja em desastres naturais, seja durante a pandemia de Covid-19, quando forneceu mais de 300 milhões de doses de vacinas e equipamentos médicos.
Além disso, enfatizou a importância da multipolaridade e da reforma do sistema de governança global. “Não há vencedores em guerras tarifárias. O hegemonismo só leva ao enfrentamento de si mesmo”, afirmou, reiterando o compromisso conjunto pela paz e pela autonomia dos povos. Xi citou, ainda, a declaração conjunta de Brasil e China em favor de uma solução política para a crise na Ucrânia como exemplo da atuação responsável do Sul Global.
Os cinco programas de cooperação China-CELAC
Xi Jinping anunciou uma nova etapa da relação sino-latino-americana com o lançamento de cinco grandes programas:
1. Programa de Solidariedade: reforço do apoio mútuo em fóruns multilaterais e intercâmbio político. A China convidará, anualmente, 300 membros de partidos dos países da CELAC para visitas e intercâmbios.
2. Programa de Desenvolvimento: promoção da segurança das cadeias de suprimentos e expansão da BRI. Envolve investimento em infraestrutura, agroindústria, energia, mineração, telecomunicações 5G, economia digital e inteligência artificial. A China oferecerá uma linha de crédito de 66 bilhões de yuans (cerca de US$ 9 bilhões) para apoiar o desenvolvimento da região.
3. Programa de Civilização: estímulo ao intercâmbio cultural e à proteção do patrimônio. Inclui conferência sobre diálogo China-ALC, temporada da arte latino-americana, restauração de sítios históricos e parcerias entre zoológicos.
4. Programa de Paz: apoio à segurança regional, com incentivo à zona livre de armas nucleares e programas de capacitação policial conforme as necessidades dos países da CELAC.
5. Programa de Conectividade entre Povos: ampliação de bolsas de estudo, formação de professores de chinês, exposições culturais e isenção de vistos. A China oferecerá 3.500 bolsas governamentais, 10 mil vagas de formação, 500 bolsas para professores, e implementará programas de bem-estar social e educação vocacional.
Uma amizade com futuro promissor
Encerrando seu discurso, Xi citou um provérbio chinês: “A maior alegria da vida está em encontrar almas afins.” E concluiu: “Quem tem um amigo, tem um tesouro. A China será sempre uma boa amiga e parceira confiável dos países da América Latina e do Caribe. Vamos juntos escrever um novo capítulo da nossa comunidade com futuro compartilhado.”
Com essa declaração e uma ampla agenda de cooperação, a cúpula China-CELAC inicia uma nova fase na aliança sino-latino-americana, baseada na igualdade, solidariedade e desenvolvimento conjunto.
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