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      Aquecimento global pode acelerar expansão de fungos letais

      Pesquisa aponta que mudanças no clima podem expor milhões a doenças fúngicas, com impactos na saúde pública e na segurança alimentar

      Fungo Candida auris (Foto: Centers For Disease Control and Prevention (CDC))
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      247 - As mudanças climáticas estão impulsionando silenciosamente a disseminação global de fungos potencialmente letais, como o Aspergillus, que já infecta milhões de pessoas todos os anos. Segundo reportagem do jornal britânico The Guardian, publicada neste mês, novas pesquisas indicam que o aumento das temperaturas pode expandir significativamente o alcance geográfico desses patógenos, especialmente na Europa, Ásia e América do Norte. As informações foram publicadas pela Folha de S. Paulo.

      A espécie Aspergillus fumigatus, responsável por infecções pulmonares graves, pode se espalhar por 77% a mais de território até o fim do século, caso as emissões de combustíveis fósseis continuem em níveis elevados. Isso exporia até 9 milhões de novas pessoas ao risco de infecção só na Europa, alertam cientistas ligados ao Wellcome Trust e à Universidade de Manchester, no Reino Unido.

      “Estamos falando de centenas de milhares de vidas e mudanças continentais nas distribuições de espécies”, afirmou Norman van Rhijn, pesquisador da Universidade de Manchester. “Em 50 anos, onde as coisas crescem e com o que você se infecta será completamente diferente.”

      A ameaça fúngica, embora menos discutida que a de vírus e bactérias, é crescente. Estima-se que infecções fúngicas invasivas sejam responsáveis por cerca de 3,8 milhões de mortes anuais — e em 2,5 milhões desses casos o fungo é a principal causa de óbito. O Aspergillus, por exemplo, pode afetar o cérebro e outros órgãos, além dos pulmões, especialmente em pessoas imunocomprometidas, como pacientes com câncer, fibrose cística ou que aram por transplantes.A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o A. fumigatus como um dos quatro patógenos fúngicos mais críticos para a saúde pública. A professora Elaine Bignell, da Universidade de Exeter, aponta que essa espécie já está adaptada a ambientes de altas temperaturas, o que pode explicar sua capacidade de sobreviver e prosperar nos corpos humanos. “Seu estilo de vida no ambiente natural pode ter proporcionado ao A. fumigatus a vantagem adaptativa necessária para colonizar os pulmões humanos”, observou.Outra espécie preocupante é o Aspergillus flavus, que vive em culturas agrícolas e pode se espalhar para novas áreas — como norte da China, Escandinávia e Alasca — enquanto desaparece de regiões da África e do Brasil. Essa espécie é ainda mais perigosa por produzir aflatoxinas, substâncias químicas associadas a câncer e falência hepática. O professor Darius Armstrong-James, do Imperial College London, classificou a possível expansão do A. flavus como “potencialmente muito preocupante” devido aos impactos combinados na saúde e na segurança alimentar.

      Além da ameaça direta à saúde, os fungos também enfrentam um problema estrutural: a escassez de tratamentos. Poucos medicamentos antifúngicos estão disponíveis, e muitos fungos já demonstram resistência. O baixo interesse comercial nesse tipo de fármaco tem limitado o avanço da pesquisa e do desenvolvimento de novos tratamentos.

      Eventos climáticos extremos, como secas seguidas de chuvas intensas, também estão entre os fatores que facilitam a liberação de esporos fúngicos no ar. Brittany Bustamante, cientista da Universidade da Califórnia, em Berkeley, afirma que “infecções fúngicas secundárias como a aspergilose provavelmente continuarão sendo uma séria preocupação de saúde pública”, especialmente entre populações vulneráveis já afetadas por desigualdades estruturais e poluição.

      A universidade norte-americana lidera um projeto de cinco anos que analisa big data de 100 milhões de registros médicos para entender os padrões de infecções fúngicas. Dados preliminares indicam que desde 2020 os casos de aspergilose aumentaram principalmente entre pessoas latinas e residentes de áreas rurais nos EUA — grupos que enfrentam maiores barreiras no o à saúde.

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