Acusado pela morte de Vitória diz que autoridades forçaram confissão
A defesa sustenta que há vícios na investigação e aponta inconsistências nas provas
247 - Maicol dos Santos, preso como principal suspeito da morte da jovem Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, afirma ter sido coagido por autoridades a confessar o crime. Em entrevista à TV Record, veiculada neste fim de semana, ele afirmou que nunca conheceu a vítima e que sua confissão foi “armada” por investigadores e autoridades da segurança pública. As informações são da CNN Brasil.
“Minha confissão foi baseada nos fatos que não só o delegado, mas como vários policiais e investigadores me induziram naquele momento [...] O secretário de segurança falou que a aposentadoria da minha mãe estaria garantida, que daria um vale aluguel pra ela”, disse Maicol, sustentando que teria confessado sob pressão.
Maicol também contestou informações da investigação. Segundo ele, nunca teve contato com Vitória: “não tem como eu ter obsessão por alguém que eu não conheço”. Ele nega ainda que a jovem tenha estado em seu veículo: “ela nunca esteve no meu carro”.
Outro ponto contestado pelo acusado diz respeito aos vestígios encontrados em sua residência. Para ele, a presença de produtos de limpeza se deve ao fato de estar de mudança. “Eu já estava de mudança há mais de um mês, limpei a casa como qualquer pessoa com casa alugada que está prestes a se mudar faria.”
A defesa do suspeito ingressou com um pedido formal de anulação da denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), sob a alegação de que a confissão foi obtida de forma irregular. O pedido ainda aguarda decisão do juiz responsável pelo caso. Se condenado, Maicol poderá cumprir mais de 45 anos de prisão.
Relembre o caso
Vitória Regina desapareceu na noite de 26 de fevereiro, após sair do trabalho em um shopping de Cajamar, na Grande São Paulo. Em mensagens trocadas com uma amiga, relatou que estava sendo seguida por dois homens. Testemunhas afirmam ter visto um carro com quatro ocupantes acompanhando a jovem depois que ela desceu do ônibus.
Após dias de buscas que mobilizaram policiais, cães farejadores e drones, o corpo de Vitória foi localizado em 5 de março, em uma área de mata da cidade. A adolescente foi encontrada sem roupas, com a cabeça raspada e sinais de violência. O corpo já estava em avançado estado de decomposição.
Na ocasião, a Polícia Civil indiciou Maicol dos Santos por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, com base em uma confissão registrada em vídeo. Na gravação, divulgada pela CNN Brasil em março, Maicol dizia que teve um relacionamento com Vitória e que não sabia que ela era menor de idade. Afirmava ainda que a jovem o ameaçava, dizendo que contaria tudo à sua esposa.
Entretanto, agora ele alega que não apenas não mantinha qualquer relação com a adolescente, como também desconhecia sua identidade até ser preso.
Elementos contestados
A defesa sustenta que há vícios na investigação e aponta inconsistências nas provas. Entre elas, destaca-se o fato de que perícia identificou material genético de uma terceira pessoa no carro de Maicol, o que ainda está sendo apurado pelas autoridades.
A contestação da confissão reacende o debate sobre a condução da investigação e os métodos utilizados pelas autoridades. A Polícia Civil e o MPSP ainda não se manifestaram oficialmente sobre as alegações de coação e sobre o novo pedido de anulação da denúncia. O caso segue sob investigação.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: